Novo estudos e possibilidade de extinção em massa do tipo do MTPE
Thom Hartmann

Extinção em Massa Está Mais Próximo do que Pensas

Dois novos estudos que saíram esta semana dizem que a mudança climática está a acontecer muito mais rápido e numa direção mais perigosa do que o que os cientistas consideravam como cenário de pior caso apenas há alguns anos atrás.

Conteúdo traduzido do original Mass Extinction Is Closer Than You Know.

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Extinção em Massa Está Mais Próximo do que Pensas

Green Report [Relatório Verde] No Relatóŕio Verde de hoje olhamos para a mais recente ciência em Alterações Climáticas. A mudança climática é real, claro, mas dois novos estudos científicos nesta semana passada dizem que está a acontecer muito mais depressa e numa direção mais perigosa, e os cientistas até o consideravam como um dos piores cenários possíveis apenas há dois anos. O primeiro estudo foi publicado na Nature Geoscience e diz que o ritmo ao qual estamos a despejar carbono na atmosfera, e a quantidade de carbono, tem apenas uma situação análoga nos últimos 66 milhões de anos. Foi num período chamado MTPE, um acrónimo para Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno, uma das menores mas muito real Era de extinção em massa. Concluímos , os autores do estudo notaram, “dados os registos atuais disponíveis, a presente taxa de libertação de carbono pelos humanos não tem precedentes nos últimos 66 milhões de anos.” E por a causa da libertação de carbono que desencadeou o MTPE, provavelmente de atividade vulcânica nos mares que derreteu metano do fundo do mar, ou da permafrost, para a atmosfera, por ter demorado cerca de 4 mil anos para acontecer naquela altura, e hoje estar a acontecer num período menor que 200 anos, os autores concluiram: “Tendo em conta os impactos nos ecosistemas, a taxa presente/futura de mudança climática e acidificação do oceano é demasiado rápida para muitas espécies se adaptarem, o que provavelmente resultará em extinções futuras em larga escala em ambientes marinhos e terrestres que EXCEDERÃO substancialmente as da MTPE. Como Chris Mooney escreveu para o Washington Post sobre este estudo, “Se procurares fundo o suficiente nos arquivos das alterações climáticas da Terra, irás ouvir sobre o Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno – MTPE, e então ficarás assustado.” Estamos a lançar carbono para a atmosfera em 10 vezes a taxa que o planeta o fez lá atrás na altura do MTPE, que desencadeou aquela extinção. O que significa que não existe precedente para o que está a acontecer, ou poderá acontecer, agora mesmo. Até aos últimos anos, a maioria da ciência em torno de alterações climáticas estava a prever más consequências para os humanos por volta do ano 2100, quando a maioria de nós vivos hoje, estarão mortos. Mas isso não foi assim tão persuasivo, afinal de contas. Quer dizer, estarei morto, certo? Mas nova ciência climática reportada em Arctic-news.blogspot.com indicou que ao invés de 2100 ser o ano alvo para consequências que abanam a vida aparecerem globalmente, 2026, daqui a uma década, poderá ser um alvo mais realista. Em parte porque a camada degelo do Ártico está a derreter muito mais depressa do que alguém havia previsto. E uma vez que desapareça durante o verão, o que poderá acontecer em tão poucos como 4 anos, a perda de refletividade e o facto de que o aquecimento de água usa menos calorias que o derretimento de gelo, significa que o risco de uma libertação explosiva de metano do fundo do mar do Ártico se tornou numa verdadeira ameaça para a humanidade. Entretanto o Dr James Hansen, escrevendo no seu blogue no Huffington Post, Diz-nos sobre um novo estudo científico publicado em breve, sugerindo que um aquecimento relativamente modesto que aconteceu à cerca de 110 mil anos atrás, um aquecimento não tão diferente do de hoje excepto de que era mais limitado do que a nossa libertação de carbono de hoje, produziu supertempestades de tamanho global que moveram pedregulhos de 1000 toneladas pelo planeta. Para relatar este ponto, o New York Times, no seu artigo sobre a o estudo de Hansen, inclui uma foto de um dos pedregulhos, no seu artigo intitulado, não por coincidência: “Cientistas Avisam sobre Transição Climática Perigosa em Décadas, Não Séculos.” A ciência neste tópico está a começar a ficar verdadeiramente intensa e assustadora. Precisamos de uma transição rápida e global de abandono dos combustíveis fósseis, de todas as formas de combustíveis de carbono. Nem daqui a uma década, mas HOJE! e uma taxa de carbono poderá ser a melhor maneira de lá chegar. Se não começarmos, nós também, poderemos seguir o caminho dos dinossauros.Recolher Transcrição[/expand]

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Robertscribbler

Os 2 C Aproximam-se Mais Depressa do que Temíamos – Picos de Metano Atmosférico de 3096 Partes por Bilião

É essencial que os políticos comecem a considerar seriamente a possibilidade de um feedback substancial de carbono da permafrost no aquecimento global. Se não o fizerem, suspeito que em pouco tempo vamos todos estar a olhar para o limite de 2°C pelo espelho retrovisor.

Robert Max Holmes

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Desvendar o puzzle do aquecimento global é simples à primeira vista, mas complexo assim que se esgravata a superfície.

Sabemos que a queima de combustíveis fósseis, a atividade de mineração de carvão, o fracking para o gás, e a perfuração de petróleo, resultam todos em emissões de gases com efeito de estufa perigosos. Sabemos que a grande maioria destes gases de aquecimento de estufa são provenientes de fontes de combustíveis fósseis. Sabemos que, agora, a queima, a mineração, o fracking e a perfuração têm empurrado o CO2 atmosférico acima de 405 partes por milhão e a concentração global de todos os gases equivalentes a CO2 a umas surpreendentes 485 partes por milhão de CO2e (níveis não vistos em pelo menos 15 milhões de anos ). E sabemos que o calor re-irradiado por esses gases aqueceu o mundo em cerca de 1 C acima dos níveis de 1880 – forçando os padrões climáticos a mudarem, os mares a subirem, a saúde do oceano a declinar, e a desencadear uma onda de mortes em massa no mundo animal enquanto aumentando o risco a curto prazo de fome, propagação de doenças tropicais, e deslocamentos em massa no mundo humano.

Forçamento Radiativo

(O calor adicionado à atmosfera terrestre por gases emitidos pelos combustíveis fósseis como CO2 e Metano é medido em watts por metro quadrado. Um critério conhecido como forçamento radiativo [RF]. No gráfico acima, pelo IPCC, podemos ver os níveis estimados de forçamento radiativo de cada gás com efeito de estufa e o forçamento total líquido de calor pelos humanos sobre a atmosfera da Terra desde 2011. É uma medida que poderá precisar de começar a adicionar também o RF de gases com efeito de estufa de feedback à medida que o século 21 avança. Fonte da imagem: RealClimate).

Sabemos muitos dos nomes desses outros gases – metano, óxido nitroso e clorofluorocarbonetos. E alguns dos outros – como o hexafluoreto de enxofre – que muitos de nós ainda não ouvimos falar. Mas o grande nome, o agente de aquecimento primário, é o dióxido de carbono – por si próprio responsável, atualmente, pela maioria do forçamento de calor global. Um gás tão importante para o aquecimento a longo prazo que a NASA o chamou de ‘o termostato que controla a temperatura da Terra.’

Tudo isto é bastante simples e direto. Mas é quando começamos a olhar para o que são chamados de feedbacks amplificadores [NT: mecanismos de auto-reforço positivo] – as respostas da Sensibilidade do Sistema Terrestre ao aquecimento forçado por humanos – que as coisas começam a ficar mesmo perigosas. E embrulhado na equação de Sensibilidade do Sistema Terrestre está o metano – um gás de efeito estufa com a capacidade de influenciar fortemente as temperaturas globais em prazos bastante curtos.

Picos de Metano de Mais de 3.000 Partes por Bilhão

A 20 de Fevereiro, durante cerca de 12 horas, a medição NOAA METOP registou um grande pico de metano atmosférico alcançando 3.096 partes por bilhão a 20.000 pés de altitude. Esta foi a primeira vez que qualquer medição havia registado um pico de metano tão elevado e a primeira vez que qualquer medição havia ultrapassado o limiar das 3.000 partes por bilhão. Para contexto, há apenas dois anos atrás, um pico de metano alcançando as 2.660 partes por bilhão teria sido significante. Agora, estamos a obter leituras de picos que são 400 partes por bilhão superiores ao limite máximo anterior.

Niveis de metano pelo METOP - fevereiro 2016

(O METOP mostrou um pico recorde de 3.096 partes por bilhão de metano atmosférico a 20 de Fevereiro de 2016. Até agora, este foi o maior aumento deste género já registado nas medições da NOAA. Um que excedeu de longe a média atmosférica global de cerca de 1.830 partes por bilhão. Fonte da imagem: NOAA / METOP).

É um sinal muito agourento – especialmente quando se considera o facto de que as médias de metano atmosférico globais estão na faixa de 1830 partes por bilhão. O grande aumento recente foi mais elevado em cerca de 1170 partes por bilhão. Por outras palavras – algo muito extraordinário. É prova de que as fontes de metano do mundo estão a ficar mais vigorosas nas suas emissões. E quando se considera o facto de que o metano – numa comparação molécula por molécula com CO2 – retém cerca de 80 vezes mais calor numa escala de tempo de décadas, grandes adições de metano no topo de um forçamento por CO2 já perigoso é certamente motivo de alguma preocupação. Uma questão que pode acelerar ainda mais o já rápido ritmo de aquecimento forçado pelos humanos de tal modo que ficamos em risco de atingir os limiares de 1,5 C e 2 C, mais cedo do que o esperado. Resultados que devíamos estar urgentemente a trabalhar para evitar – cortando as emissões de base humana tão rapidamente quanto possível no tempo.

Os Suspeitos do Costume – Atividade Baseada em Combustível Fóssil

Talvez ainda mais preocupante seja o facto de que realmente não sabemos exatamente de onde este pico significativo de metano está a vir.

Temos, contudo, uma longa lista de suspeitos do costume. O primeiro, é claro, seria a partir de um qualquer número de fontes muito grandes e perigosas de emissões de combustíveis fósseis. A China, com suas minas maciças de carvão que arrotam metano, infra-estruturas de gás, e instalações de queima de carvão sujo, seria o principal suspeito. A Mongólia, onde instalações de carvão e gás, que alastram igualmente, operam, é outro ponto quente provável. A Rússia – com os seus vastos campos de petróleo e gás com fugas. O Médio Oriente – que está engasgado com infra-estrutura de combustíveis fósseis. A Europa – onde muitos dos oleodutos da Rússia terminam e onde muitas nações queimam um carvão castanho de elevado metano. E os Estados Unidos – onde a prática geologicamente destrutiva do fracking tem agora também recentemente aumentado grandemente as emissões de metano.

Suspeitos Não Usuais – Permafrost e Clatratos Aquecidos pelas Emissões de Combustíveis Fósseis

Olhando para a resolução muito baixa do gráfico METOP acima, encontramos uma série de pontos quentes de metano por todo o mundo. E muitos desses pontos quentes coincidem com a nossa lista de suspeitos do costume. Mas outros estão bem fora da faixa que normalmente seria de esperar. Lá bem em cima no norte, sobre a tundra e o Oceano Ártico, onde já existem algumas instalações grandes de queima de combustíveis fósseis ou de extração. Lá, um pouco ironicamente, grandes pilhas de permafrost, que se espalham ao longo de milhões de milhas quadradas e por vezes tão espessas quanto duas milhas, estão a descongelar devido ao forçamento de calor pelos gases de efeito estufa da queima de combustíveis fósseis, muitas vezes acontecendo a centenas ou milhares de milhas de distância. Esta permafrost a descongelar está preenchida com material orgânico. E quando libertado da sua prisão de gelo, fica exposta aos elementos e micróbios do mundo. Estas forças, em seguida, começam a trabalhar, tornando o carbono orgânico nessa permafrost em dióxido de carbono e metano.

Isto é bastante má notícia. No total, mais de 1.300 bilhões de toneladas de carbono estão trancadas em solos da permafrost. E as emissões de carbono de permafrost fazem um já mau forçamento de calor proveniente da queima de combustíveis fósseis ainda pior.

Níveis de metano em Barrow, Alasca

(Os níveis de metano atmosférico tal como registados por várias estações de relatórios e monitores globais têm vindo a aumentar mais rapidamente nos últimos anos. No Ártico, as leituras atmosféricas têm tendido a manter-se acima da média global – uma indicação de que as emissões locais estão a gerar uma sobrecarga para a região. Fonte da imagem: NOAA ESRL).

Como se todas as emissões humanas e as potenciais emissões da permafrost não fossem já suficientemente más, temos mais uma grande fonte de carbono no Ártico a considerar – hidratos de metano. Uma potencial fonte de libertação de metano controversa, certamente. Mas uma muito grande, que seria negligente ignorarmos. Devido ao facto de que o Ártico se manteve, em geral, muito frio nos últimos 3 milhões de anos de longas eras glaciares e breves interglaciais, este reservatório maciço de carbono tem tido oportunidade de se acumular nas águas relativamente rasas, que agora aquecem rapidamente, do oceano Ártico, e até sob grandes secções da permafrost que agora descongela. Muito deste carbono está sob a forma congelada de gelo-metano, chamado hidrato. E à medida que o Oceano Ártico aquece e o gelo do mar recua para expor oceano azul ao aquecimento dos raios do sol pela primeira vez em centenas de milhares de anos, há uma preocupação entre alguns cientistas de que uma quantidade não insignificante desse metano congelado submerso irá libertar-se , passar os limites da interface oceano-atmosfera ou da permafrost que descongela, e adicionar mais forçamento de calor à atmosfera global. O mar raso da Plataforma Continental da Sibéria foi identificado por alguns como contendo tanto quanto 500 bilhões de toneladas de carbono na forma de metano congelado. E um aquecimento da Terra alimentado a combustíveis fósseis poderá estar agora mesmo a arriscar erupções, a um nível de um feedback amplificador, a partir deste grande reservatório de clatratos juntamente com uma série de outros reservatórios muito grandes espalhados por toda a bacia do Oceano Ártico e em todo o sistema oceânico global.

Uma Imagem Mais Clara? Ou Uma Muito Mais Complexa?

Então qual, de entre os vários suspeitos – usuais e incomuns – pode ser responsável pelo pico recorde de metano que aparece agora na medição da METOP?

Antes de tentarmos responder a esta pergunta, vamos puxar outro gráfico de metano – este do Observatório Copernicus:

Leituras Globais de Metano por Copernicus

(O gráfico de metano de Copenicus de 25 de fevereiro, que faz o rastreamento das leituras de metano à superfície, dá-nos uma indicação de maior resolução das leituras de metano à superfície do que a medida NOAA METOP. Esta segunda medição proporciona alguma confirmação de um sobrecarregamento de metano no Ártico, mesmo quando fontes de picos de emissões humanas se tornam mais evidentes. Picos ominosos também vêm aparentemente de incêndios florestais nos trópicos e de regiões no Ártico perto de Yamal, Rússia, Escandinávia do Norte, e os mares Barents e Kara. Fonte da imagem: O Observatório Copernicus).

Aqui podemos ver a variação nas leituras de metano de superfície de acordo com a Copernicus. Uma imagem de maior resolução que pode oferecer uma melhor ideia da localização do ponto-fonte dos picos diários globais de metano. Aqui vemos que as principais fontes de metano são predominantemente a China, Rússia, Médio Oriente, Europa, Estados Unidos, Índia, Indonésia, Incêndios em África e na Amazônia, e, por fim, o Ártico.

Embora a medição Copernicus não mostre o mesmo nível de sobrecarrega no Ártico como aquele que tende a aparecer na medição METOP, é uma confirmação de que algo no ambiente perto do Ártico está a gerar picos locais acima das 1940 partes por bilhão para grandes regiões desta zona sensível.

A medição pelo Copernicus, como mencionado acima, também mostra que os picos humanos são bastante intensos, mantendo-se como a fonte dominante de emissões de metano globalmente, apesar de uma contínua sobrecarga perturbadora no Ártico. Picos em África, na Amazónia, e Indonésia também indicam que as florestas em declínio e os incêndios relacionados nestas zonas tropicais estão também, provavelmente, a proporcionar um feedback amplificador às emissões humanas em geral.

Dados os picos deste mês e a disposição geral das leituras de metano de superfície ao redor do mundo, parece que a grande emissão de metano de base humana está a ser reforçada por feedbacks das emissões locais de reservas de carbono tanto nos trópicos como no Ártico. Este sinal de reforço, embora um pouco menor do que o sinal relacionado com os combustíveis fósseis em algumas medições, é preocupante e sugere que o aviso de Robert Max Holmes no iníco deste post pode ser por demais relevante. Pois os feedbacks do Sistema Terra às enormes e irresponsáveis emissões de combustíveis fósseis ​​parecem já estar a começar a complicar a nossa imagem de uma Terra em aquecimento.

Links:

CO2: O Termostato que Controla a Temperatura da Terra

Pico Ominoso de Metano no Ártico Continua

Pico de Metano Enorme Vindo de Fracking nos EUA

Libertação de Metano da Permafrost Pode Desencadear Aquecimento Global Perigoso

Preocupação com a Libertação Catastrófica de Metano

A4R Rastreamento Global de Metano

O Observatório Copernicus

NOAA ESRL

RealClimate

NOAA / METOP

Gorjeta para Griffin

Traduzido do original 2 C Coming On Faster Than We Feared — Atmospheric Methane Spikes to Record 3096 Parts Per Billion, publicado por Robertscribbler em http://robertscribbler.com/ a 26 de Fevereiro de 2016.

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níveis de metano no ártico

Papel do Metano no Aquecimento do Ártico

em https://alteracoesclimaticas…

tipos de aquecimento no Ártico, CO2, albedo e metano

Três Tipos de Aquecimento do Ártico

em https://alteracoesclimaticas…

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Pico nos niveis de metano a 25 fevereiro 2016
Sam Carana

Três Tipos de Aquecimento no Ártico

Sugerimos a leitura de “3 Tipos de Aquecimento no Ártico” no site Aquecimento Global: A Mais Recente Ciência Climática
 
O Ártico é propenso a sofrer de três tipos de aquecimento. Em primeiro lugar, o Ártico é atingido de forma particularmente forte pelas emissões, como discutido em posts anteriores como este e este.

Segundo, o aquecimento no Ártico está a acelerar devido aos feedbacks, como discutido na página sobre os feedbacks. Muitos desses feedbacks estão relacionados com a diminuição da cobertura de neve e gelo no Ártico, que por sua vez é agravada pelas emissões tais como fuligem.

Em terceiro lugar, o feedback mais perigoso é a libertação de metano a partir do fundo do mar do Oceano Ártico, devido aos hidratos serem desestabilizados à medida que o calor atinge os sedimentos.

Extensão de gelo no Ártico a 25 fevereiro 2016

No ano passado, o gelo do Ártico atingiu a sua extensão máxima a 25 de Fevereiro de 2015. Este ano, há muito menos gelo marinho no Ártico do que no ano passado. A diferença é de cerca de 300.000 km quadrados, mais do que o tamanho do Reino Unido.

Tipos de aquecimento no Ártico - feedbacks

O gelo do mar pode refletir até 90% da luz solar de volta ao espaço. Uma vez que o gelo derrete, contudo, a água do oceano reflete apenas 6% da radiação solar que entra e absorve o resto. Isto é representado na imagem acima como feedback # 1.

albedo

Como o professor Peter Wadhams, uma vez calculou, o aquecimento devido à perda de neve e de gelo do Ártico poderia mais que duplicar o aquecimento líquido causado agora por todas as emissões de todos os povos do mundo.

Peter Wadhams, mudança no Albedo e Aquecimento Global

O gelo do mar age como um atenuador que absorve o calor. Quando o gelo está a derreter, cada grama de gelo precisará de 334 Joules de calor para passar a água, enquanto a temperatura se mantém a 0° Celsius ou 32° Fahrenheit.

Uma vez que todo o gelo se transformou em água, todo o calor extra vai para o aquecimento da água. Para elevar a temperatura de um grama de água em um grau Celsius, então, serão necessários apenas 4,18 Joule de calor. Por outras palavras, a fusão do gelo absorve 8 vezes mais calor do que o necessário para aquecer a mesma massa de água de zero a 10°C. Isto é representado na imagem acima como feedback # 14.

O vídeo em cima, criado por Stuart Trupp, mostra como o calor adicionado ao início (A) vai principalmente aquecer a água que contém os cubos de gelo. A partir de cerca dos 38 segundos no filme, todo o calor começa a ir para a transformação dos cubos de gelo em água, enquanto que a temperatura da água não sobe (B). Mais de um minuto mais tarde, quando os cubos de gelo tiverem derretido (C), a temperatura da água começa a aumentar rapidamente outra vez.

O metano é um feedback adicional, descrito como feedback # 2 na imagem mais acima. Como a água do Oceano Ártico está a ficar cada vez mais quente, o perigo aumenta de que o calor irá chegar ao fundo do mar, onde pode desencadear a libertação de quantidades enormes de metano, num ciclo de feedback adicional que fará o aquecimento no Ártico acelerar e escalar num aquecimento descontrolado.

Os sedimentos debaixo do Oceano Ártico contém vastas quantidades de metano. Apenas uma parte do Oceano Ártico por si só, a Plataforma Continental da Sibéria (ESAS, veja o mapa abaixo), contém até 1.700 Gt de metano. A libertação repentina de menos de 3% dessa quantidade poderia adicionar 50 Gt de metano à atmosfera, e os especialistas têm alertado por muitos anos que eles consideram que uma tal quantidade está prestes a ser liberta a qualquer momento.

Niveis de metano atmosférico e em sedimentos

A figura acima dá-nos uma imagem simplificada da ameaça, mostrando que de uma carga total de metano na atmosfera de 5 Gt (entretanto é mais elevada), 3 Gt têm sido adicionadas desde a década de 1750, e esta adição é responsável por quase metade de todo o aquecimento global antropogénico. A quantidade de carbono armazenado em hidratos, globalmente, foi estimada em 1992 como sendo de 10.000 GT (USGS), enquanto que uma estimativa mais recente dá uma figura de 63.400 GT (Klauda & Sandler, 2005). Mais uma vez, a conclusão assustadora é que a Plataforma Continental da Sibéria (ESAS), sozinha, contém até 1700 Gt de metano sob a forma de hidratos de metano e gás livre contidos nos sedimentos, dos quais 50 Gt estão prestes a ser libertados abruptamente a qualquer momento.

Os sinais de aviso continuam a ficar mais fortes. Na sequência de uma leitura de um pico de metano de 3096 ppb [artigo em link em português] a 20 de Fevereiro de 2016, uma leitura de 3010 ppb foi registada na manhã de 25 de fevereiro de 2016, nos 586 mb (veja imagem abaixo).

Pico nos niveis de metano a 25 fevereiro 2016

Mais uma vez, este nível muito elevado foi provavelmente causado por metano proveniente do leito marinho do Oceano Ártico, numa localização na Cordilheira de Gakkel logo ao largo da Plataforma Continental Siberiana (ESAS – East Siberian Arctic Shelf), conforme discutido no post anterior. Esta conclusão é apoiada pelos níveis de metano em diferentes altitudes sobre a ESAS, como registado por ambos os satélites MetOp-1 e MetOp-2 no período da tarde, conforme ilustrado pela combinação de imagens abaixo mostrando os níveis de metano nos 469 mb.

Niveis de metano por satelite a 25 fevereiro 2016

A situação é calamitosa e apela a uma ação abrangente e eficaz, conforme descrito no Plano Climático.

Links:

Mecanismos de Reforço Positivo (Feedbacks) no Ártico

Mudanças no Albedo no Ártico

Chegou a hora de espalhar a mensagem

Os níveis de gases de efeito estufa e as temperaturas continuam a aumentar

Área de gelo marinho no Ártico em recorde mínimo para a época do ano

A Máxima Extensão do Gelo Marinho Já Foi Atingida Este Ano?

Plano Climático

Traduzido do original Three kinds of warming in the Arctic de Sam Carana, publicado no blogue Arctic News, a 26 de Fevereiro de 2016.

Outros blogues com publicações recentes sobre Alterações Climáticas em Português:

Como um Titanic o El Nino Começa a Esmorecer, Que Problemas Frescos Trará um Mundo Quente Recorde?

em https://aquecimentoglobalde…

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Extensão do gelo marinho no Ártico - recorde mínimo para fevereiro
Sam Carana

A Máxima Extensão do Gelo Marinho Já Foi Atingida Este Ano?

Sugerimos a leitura de “Como um Titanic o El Nino Começa a Esmorecer, Que Problemas Frescos Trará um Mundo Quente Recorde?” no site Aquecimento Global: A Mais Recente Ciência Climática
 

Um post anterior perguntava se a extensão máxima para este ano já haveria sido alcançada, ou seja, a 9 de fevereiro de 2016, quando a extensão do gelo marinho era de 14.214 milhões de km2.

Como ilustrado pela imagem abaixo, a extensão desde então tem sido menor, inclusive nos dois dias mais recentes na imagem, ou seja, a 16 e 17 de fevereiro de 2016, quando a extensão era, respectivamente, de 14.208 e 14.203 milhões de km2.

Extensão do gelo do Ártico 17 fevereiro

No ano passado (2015), a extensão máxima do gelo marinho foi alcançada a 25 de fevereiro. Isso é próximo da data mais recente na imagem de 17 de Fevereiro, logo, com o El Nino ainda forte, poderá muito bem vir a ser que o máximo em 2016 será alcançado mais cedo.

Por outro lado, os ventos fortes poderiam espalhar o gelo do mar e acelerar a sua deriva para fora do Oceano Ártico, o que pode resultar numa extensão maior, mas que não fará muito para fortalecer o gelo do mar.

ATUALIZAÇÕES: A 18 de fevereiro de 2016 (seta), a extensão do gelo marinho do Ártico foi de 14.186 milhões de quilómetros quadrados, ou seja, menos do que era a 9 de fevereiro. De facto, a extensão do gelo do mar não foi maior em nenhum dia desde 9 de fevereiro de 2016. Então, a pergunta é, será que a extensão máxima deste ano já passou por nós (ou seja, a 9 de Fevereiro)?

Máximo da extensão do gelo do mar do Ártico Fevereiro 2016

A imagem abaixo mostra que o calor está a ter um enorme impacto sobre o gelo do mar, com algumas áreas (preto) que mostram anomalias da temperatura de superfície do mar acima de 8°C (ou acima de 14,4°F).

Anomalias da temperatura de superfície do mar no Ártico

De forma ameaçadora, a superfície do mar ao largo da costa leste da América do Norte estava tanto quanto 11.8°C ou 21.3°F mais quente a 19 de Fevereiro de 2016 do que em 1981-2011 (no local marcado pelo círculo verde na imagem abaixo).

Temperaturas superfície do mar quentes ao largo da América-Norte

As temperaturas sobre o Oceano Ártico estão previstas para permanecerem extremamente elevadas nos próximos cinco dias, com anomalias em grande parte do Oceano Ártico achegarem ao topo da escala, ou seja, 20°C ou 36°F.

Anomalias previstas nas temperaturas Ártico para fevereiro

Como a imagem em baixo mostra, a área de gelo do mar do Ártico estava num recorde baixo para a época do ano a 18 de fevereiro de 2016.

Área do gelo do mar do Ártico em recorde baixo para fevereiro

A imagem abaixo mostra que a extensão do gelo marinho no Ártico a 20 de Fevereiro de 2016, era apenas de 14,166 milhões de km2 (seta), somando aos receios de que o máximo deste ano já tenha sido alcançado a 9 de fevereiro.

Extensão do gelo marinho no Ártico - recorde mínimo para fevereiro

Enquanto isso, níveis muito elevados de metano, tão elevados quanto 3096 partes por bilião, foram registados a 20 de Fevereiro de 2016, como mostrado pela imagem abaixo.

Niveis de metano elevados a 20 de fevereiro

Uma análise mais aprofundada indica que estes níveis elevados provavelmente originaram do desestabilizar de hidratos de metano dos sedimentos, a partir de uma localização próxima da latitude 85° Norte e longitude +105 ° (Leste), na Cordilheira de Gakkel, logo ao largo da Plataforma do Ártico da Sibéria Oriental, no local do marcador vermelho no mapa abaixo.

Desestabilização de hidratos de metano Cordilheira de Gakkel

Em baixo está um mapa de comparação, a partir de grida.no

Plataforma Continental Ártico Sibéria Oriental

Abaixo está um mapa com anomalias da temperatura de superfície do mar a 20 de fevereiro de 2016. O círculo verde marca a localização provável da desestabilização sedimentos e subsequente nuvem de metano, cerca da latitude 85° Norte e longitude +105° (leste), na Cordilheira de Gakkel Ridge, logo ao largo da Plataforma do Ártico da Sibéria Oriental.

Anomalias nas temperatura de superficie do mar-20 fevereiro

Se quiser, pode discutir isto mais aprofundadamente no grupo Arctic News ou em baixo.

Traduzido do original Has maximum sea ice extent already been reached this year? de Sam Carana, publicado no blogue Arctic News, a 18 de Fevereiro de 2016.

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Ártico Sem Inverno em 2016 – NASA Marca Janeiro Mais Quente Já Registado

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A tampa de água doce no Atlantico e queda dos níveis de salinidade
Sam Carana

Papel do Metano no Aquecimento do Ártico

Sugerimos a leitura de “Papel do Metano no Aquecimento do Ártico” no site Aquecimento Global: A Mais Recente Ciência Climática
 

Oceano Ártico é o mais fortemente atingido pelo aquecimento global

Nos últimos 12 meses, o aquecimento global fez-se sentir mais fortemente sobre o Oceano Ártico, como a imagem acima ilustra. Na maior parte do Oceano Ártico, as temperaturas de superfície estavam acima do topo da escala, ou seja, mais de 2,5°C mais elevada do que em 1981-2010.

Em Janeiro de 2016, a temperatura do ar perto do nível do mar (a 925 hPa) estavam mais do que 6°C ou 13°F acima da média na maior parte do Oceano Ártico, como o NSIDC.org anunciou recentemente. Para além disso, as temperaturas médias diárias em muitas partes do Oceano Ártico muitas vezes ultrapassaram o topo da escala, ou seja, 20°C ou 36°F maiores do que em 1979-2000, como ilustrado pela previsão do Reanalisador Climático abaixo.

Temperaturas anormais no Oceano Ártico em Fevereiro

E então, como podem as anomalias de temperatura no oceano ártico nesta época do ano serem muito maiores do que em qualquer outro lugar na Terra?

Um fator são os feedbacks tais como alterações na corrente de jato e o declínio da cobertura de neve e gelo no Ártico, que faz com que cada vez mais luz solar seja absorvida pela água do Oceano Ártico, que por sua vez causa um declínio ainda maior, como discutido em muitos posts anteriores.

Alterações na corrente de jato

Neste momento, contudo, o aquecimento ao longo do Oceano Ártico é muito pronunciado numa altura do ano em que há uma diferença de temperatura mais ampla entre o Ártico e o Equador, quando há pouca ou nenhuma luz solar a atingir o Ártico. Assim, as mudanças no albedo são menos relevantes, enquanto que as alterações na corrente de jato seriam esperadas como sendo menos proeminentes agora. Todavia, uma corrente de jato fortemente deformada pode empurrar muito ar quente até lá acima ao Polo Norte, enquanto empurra muito ar frio do Ártico para a América do Norte, como ilustrado na previsão à direita.

Vejamos mais alguns fatores que estão a ter uma influência.

Níveis elevados de gases de efeito estufa sobre o Ártico

A questão era, por que está o aquecimento a atingir o Oceano Ártico tão fortemente nesta época do ano? Os níveis de gases de efeito estufa são mais elevados sobre o Ártico do que em qualquer outro lugar na Terra. Os gases de efeito estufa prendem o calor que seria, de outro modo, irradiadado para o espaço, e este efeito de estufa está a ocorrer durante todo o ano.

Níveis de CO2 em Fevereiro atingiram 405.83 ppm

Níveis de CO2 a 4 de Fevereiro de 2016. CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR

 

Vamos olhar mais de perto para os níveis de dióxido de carbono (CO2). A 4 de Fevereiro de 2016, o nível de CO2 em Mauna Loa, no Havaí, foi 405,83 ppm, como ilustrado pela imagem à direita.

A imagem abaixo mostra que a média global do nível de CO2 a 6 de Fevereiro de 2016, foi de 407 ppm a uma altitude próxima do nível do mar (972 mb). A imagem também mostra níveis de CO2 mais elevados em latitudes mais elevadas a Norte, com níveis de mais de 410 ppm sobre a maioria do Hemisfério Norte.

Média níveis globais de CO2

Níveis de CO2 sobre o Ártico em Fevereiro 2016

Os níveis de dióxido de carbono a 8 de Fevereiro de 2016 foram tão elevadas quanto 416 ppm num local sobre o mar de Kara (marcado pelo círculo verde na parte superior da imagem à direita).

Todavia, os níveis de dióxido de carbono sobre o Oceano Ártico não estão muito mais elevados do que noutros lugares, ou seja, não é suficiente para explicar essas enormes anomalias de temperatura.

O metano, outro gás de efeito estufa, também está presente ao longo do Oceano Ártico em níveis que são mais elevados do que no resto do mundo, como ilustrado na imagem abaixo, mostrando níveis de metano acima de 1900 ppb na maior parte do Oceano Ártico a 4 de Fevereiro de 2016.

Níveis de metano no Ártico

No caso do metano, a situação é diferente daquela para o dióxido de carbono:

  • os níveis no Pólo Norte são mais do que 10% mais elevados do que no Polo Sul, uma diferença muito maior do que para o dióxido de carbono.
  • o metano está a atingir os seus níveis mais elevados sobre o Oceano Ártico a partir de Outubro em diante até bem dentro do ano seguinte.
  • o metano persiste por mais tempo sobre o Ártico, devido aos baixos níveis de hidroxila que lá existem.
  • os níveis de metano sobre o Oceano Ártico são elevados, já que cada vez maiores quantidades de metano estão a sair do fundo do mar no Oceano Ártico, fazendo com que este metano seja forçosamente altamente concentrado sobre o Ártico, especialmente logo após a sua libertação.

Em conclusão, parece que o metano está a desempenhar um papel cada vez maior no aquecimento do Ártico, especialmente tendo em conta a sua grande potência a curto prazo como gás de efeito estufa.

Emissões equivalentes ao CO2 noutrs gases de efeito de estufa

AMOC está a levar cada vez mais calor para o Oceano Ártico

Para além do metano, há uma outra grande razão pela qual as anomalias de temperatura são tão elevadas sobre o Oceano Ártico nesta época do ano. Enormes quantidades de calor estão a subir da água para a atmosfera sobre o Oceano Ártico, aquecendo o ar sobre a água. Quanto mais quente o mar, menos gelo se formará. Quanto mais fraco o gelo, mais rachaduras e locais onde o calor é transferido para a atmosfera.

A água do Oceano Ártico está a ficar mais quente, em comparação com anos anteriores, enquanto a Corrente do Golfo aquece. Ao referir toda a extensão do Golfo do México ao Oceano Ártico, esta corrente é muitas vezes referida como a Circulação de Revolvimento Meridional do Atlântico Norte (AMOC na sigla em inglês). A direção do fluxo da AMOC é determinada por duas forças, que são, o fluxo de água quente do equador para norte, e o fluxo para leste devido à força de Coriolis. O resultado é água quente salgada transportada pela AMOC nas camadas superiores do Atlântico em direção a nordeste, para o Oceano Ártico. Eventualmente, a água afunda e flui de volta como água mais fria pelas profundezas do Atlântico. Como a imagem da NOAA em baixo mostra, a quantidade de calor que tem sido carregado pela AMOC em direção ao Oceano Árctico tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos.

Transporte de carlor pela AMOC no Atlantico

As temperaturas globais do oceano estão a aumentar, como discutido em publicações como Calor do Oceano e Subida da Temperatura. Como resultado, mais calor está agora a ser levado em direção ao Oceano Ártico. A Corrente do Golfo ao largo da costa da América do Norte está a aquecer fortemente e está a empurrar mais calor em direção ao Oceano Ártico, em comparação com anos anteriores. O resultado é ilustrado pela imagem abaixo, mostrando enormes anomalias da temperatura de superfície do mar no Oceano Ártico perto de Svalbard, apesar da tampa fria no Atlântico Norte, indicando que o calor continua a viajar por baixo da tampa de água doce fria até ao Oceano Ártico.

Anomalias das Temperaturas no Ártico

Tais anomalias da temperatura de superfície do mar elevadas não são incomuns no Oceano Ártico nos dias de hoje. A imagem abaixo mostra que, a 24 de Janeiro de 2016, a temperatura de superfície do mar foi de 12,3°C ou 54,2°F num local perto de Svalbard, marcado pelo círculo verde, uma anomalia de 10,4°C ou 18.7°F.

Anomalia da Temperatura de Superficie do Mar no Ártico - Jan 2016

Água agora muito mais quente ao largo da costa da América do Norte

A água ao largo da costa leste da América do Norte está muito mais quente do que costumava estar devido a emissões que se estendem desde a América do Norte sobre o Oceano Atlântico devido à força de Coriolis. A imagem abaixo, a partir de um post anterior, mostra níveis de dióxido de carbono tão elevados quanto 511 ppm sobre New York a 5 de Novembro de 2015, e tão elevados quanto 500 ppm sobre a água ao largo da costa de New Jersey a 2 de Novembro de 2015.

Niveis de CO2 na América do Norte e Atlantico

A imagem abaixo mostra níveis de monóxido de carbono. O monóxido de carbono esgota a hidroxila, tornando mais difícil para o metano ser oxidado. Assim, novamente, o metano parece ser um fator importante.

Níveis de monóxido de carbono

Essas emissões aquecem a Corrente do Golfo e fazem com que água cada vez mais quente seja levada por baixo da superfície do mar até ao Oceano Ártico.

Tampa de água doce fria no Atlântico Norte

Finalmente, a tampa de água doce fria no Atlântico Norte faz com que uma menor transferência de calor ocorra do oceano para a atmosfera. Esta tampa de água doce fria faz com que mais calor esteja a fluir em direção ao Oceano Ártico, logo abaixo da superfície do mar do Atlântico Norte.

velocidade do gelo do mar e deriva

Esta tampa de água doce fria está a espalhar-se sobre o Atlântico Norte por uma série de razões:

    • mais derretimento dos glaciares na Gronelândia, em Svalbard e no norte do Canadá;
    • mais gelo do mar à deriva no Oceano Atlântico devido aos ventos fortes. Tempestades movem-se para cima no Atlântico de uma forma circular, acelerando a deriva do gelo do mar ao longo das bordas da Gronelândia, como ilustra este vídeo e imagem da Naval Research Lab à direita;
    • uma maior evaporação ao largo da costa leste da América do Norte, com a humidade a ser transportada por ventos mais fortes para o nordeste, resultando em mais precipitação sobre a água e, portanto, mais água doce a ser acrescentada ao Atlântico Norte, como ilustrado na imagem abaixo.

    Tampa de água doceno Atlanticodp degelo e precipitação

    Como a imagem acima também ilustra, esta tampa de água doce fria no Atlântico Norte também poderia resultar em mais calor a ser levado para o Oceano Ártico, devido à transferência de calor reduzida para a atmosfera a partir de água no seu caminho para o Oceano Ártico.

    temperaturas no ártico, ampa de água doce e precipitação no atlantico

    A imagem acima ilustra como as temperaturas mais elevadas ao longo do Ártico (painel superior) podem ir de mãos dadas com a tampa de água doce fria sobre o Atlântico Norte (segundo painel), com elevadas temperaturas da superfície do mar ao largo da costa leste da América do Norte (terceiro painel) e com maior precipitação sobre esta tampa de água doce fria (painel inferior).

    A imagem abaixo indica que a tampa de água doce fria no Atlântico Norte também anda de mãos dadas com a queda dos níveis de salinidade.

    A tampa de água doce no Atlantico e queda dos níveis de salinidade

    A precipitação sobre o Atlântico Norte está a aumentar, devido aos ventos fortes e tempestades ali, como discutido em publicações anteriores como esta e como ilustrado pelas imagens abaixo. Ventos mais fortes, tempestades com elevados níveis de precipitação e ondas mais altas podem todos contribuir para que a tampa de água doce fria se espalhe ainda mais por todo o Atlântico Norte.

    Ondas de17 metros ao largo das ilhas britânicas

    A imagem acima mostra que ondas tão altas quanto 17,81m ou 58,4 pés foram registadas no Atlântico Norte a 1 de Fevereiro de 2016, e tão elevadas quanto 17,31m ou 56,8 pés a 08 de Fevereiro de 2016.

    Ondas de 17 metros ao largo das ilhas britânicas

    Conclusão

    Em conclusão, o perigo é que cada vez mais calor vá chegar ao Oceano Ártico. Isso resultará em maior derretimento do gelo do mar, num ciclo de realimentação de auto-reforço que faz com que mais luz solar seja absorvida pelo Oceano Ártico (em vez de ser refletida de volta ao espaço, como antes).

    A 11 de fevereiro, 2016, o gelo marinho do Ártico teve – para esta época do ano – a menor extensão desde que os registos por satélite começaram em 1979, como ilustrado na imagem abaixo.

    Gelo do mar no Ártico no recorde mais baixo

    O maior perigo é que, como o Oceano Ártico continua a aquecer, enormes quantidades de metano vão escapar abruptamente do fundo do mar do Oceano Ártico, elevando dramaticamente as temperaturas sobre o Ártico e provocando cada vez mais erupções de metano, resultando numa escalada rápida para um aquecimento fugidio.

    A situação é calamitosa e apela a uma acção abrangente e eficaz, conforme descrito no Plano Climático.

    Traduzido do original Methane’s Role in the Arctic de Sam Carana, publicado no blogue Arctic News, a 11 de Fevereiro de 2016.

    Outros blogues com publicações recentes sobre Alterações Climáticas em Português:

    CO2 atmosférico Disparou para 405,6 ppm – Um Nível Não Visto em 15 Milhões de Anos

    em https://aquecimentoglobaldesc…

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Anomalias de temperatura e desaparecimento do gelo polar Ártico
Sam Carana

Os Níveis de Gases de Efeito Estufa e as Temperaturas Continuam a Aumentar

Sugerimos a leitura de “Os Níveis de Gases de Efeito Estufa e as Temperaturas Continuam a Aumentar” no site Aquecimento Global: A Mais Recente Ciência Climática
 
No Acordo de Paris, as nações comprometeram-se em reduzir as emissões e evitar subidas de temperatura perigosas. No entanto, o aumento dos níveis de gases de efeito estufa e das temperaturas parecem estar a acelerar.

Crescimento recorde dos níveis de dióxido de carbono em Mauna Loa

A média anual do nível de dióxido de carbono medido em Mauna Loa, no Havaí, cresceu 3,17 ppm (partes por milhão) em 2015, uma taxa de crescimento mais alta do que em qualquer ano desde que o registo começou em 1959.

Média anual de aumento de Dióxido de Carbono, CO2

Como a imagem acima mostra, uma linha de tendência polinomial adicionada aos dados aponta para uma taxa de crescimento do dióxido de carbono de 4 ppm pelo ano 2024 e 5 ppm por volta de 2028.

Níveis de CO2 Janeiro 2016

Níveis de CO2 atuais – Janeiro 2016

No início da Revolução Industrial, o nível de dióxido de carbono na atmosfera era de cerca de 280 ppm. Em 11 de janeiro de 2016 como a imagem acima mostra, o nível de dióxido de carbono em Mauna Loa, no Havaí, era 402,1 ppm. Isso é cerca de 143% daquilo que era o nível superior de dióxido de carbono em tempos pré-industriais durante pelo menos os últimos 400.000 anos, como a imagem mais abaixo ilustra.

Níveis de CO2 em diferentes latitudes, Ártico e Equador

A latitudes norte mais elevadas, os níveis de dióxido de carbono são mais elevados do que noutros lugares na Terra, como ilustrado pela imagem acima. Estes gases de efeito estufa elevados contribuem para o aquecimento acelerado do Ártico.

Níveis de metano aumentam ainda mais rápido do que os níveis de CO2, especialmente por cima do Oceano Ártico.

Historicamente, os níveis de metano foram se movendo para cima e para baixo entre uma janela de 300 e 700 ppb [NT: partes por bilião]. Nos tempos modernos, os níveis de metano têm vindo a aumentar ainda mais rapidamente do que os níveis de dióxido de carbono, como ilustrado pela imagem abaixo, proveniente de uma publicação anterior.

Temperatura, dióxido de carbono e metano históricos

Histórico de temperaturas, níveis de dióxido de carbono e níveis de metano, desde há 400 mil anos até 2014

Como a imagem acima ilustra, o nível médio de 1.839 ppb que foi alcançado a 7 de Setembro de 2014, são alguns 263% dos ~ 700 ppb que historicamente eram os níveis superiores de metano.

A imagem abaixo, a partir de um post anterior, mostra as médias anuais disponíveis da Organização Meteorológica Mundial (OMM), ou seja, de 1984 até 2013, com a linha de tendência polinomial adicionada com base nesses dados. Dados selecionados da NOAA para 2014 e 2015, também foram adicionados para referência.

Níveis de metano, médias globais

Médias globais dos níveis de metano pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) de 1984 a 2013; dados de 2014 e 2015 pela NOAA. Linha de tendência polinomial adicionada com base nos dados da OMM.

Recentemente, alguns níveis muito elevados de pico foram registados, incluindo uma leitura de 2745 ppb a 02 de Janeiro de 2016, e uma leitura de 2963 ppb a 8 de janeiro de 2016, mostrado abaixo.

Níveis de metano em Janeiro 2016 em ppb

Estas leituras elevadas ilustram o perigo de que, à medida que água mais quente atinge o fundo do mar do Oceano Ártico, vai desestabilizar cada vez mais os sedimentos que podem conter enormes quantidades de metano na forma de gás livre e hidratos. Imagens associadas a essas leituras elevadas mostram a presença de níveis elevados de metano sobre o Oceano Ártico, indicando que esses picos elevados têm origem no oceano Ártico e que os sedimentos do fundo do mar no Oceano Ártico estão a a ser desestabilizados. O perigo é que esses picos irão ser acompanhados por erupções abruptas ainda mais fortes do fundo do mar do Oceano Ártico, à medida que as temperaturas da água continuarem a subir.

O aumento das temperaturas

Como discutido num post anterior sobre o acordo de Paris, [traduzido para português neste blogue] já está, agora, acima de 1,5°C mais quente do que nos tempos pré-industriais. Esse post mostra uma linha de tendência a avisar que sem uma ação abrangente e eficaz, poderá ficar 2°C mais quente antes do ano de 2030.

Aquecimento global acelerado no Ártico e mecanisos de reforço positivo

Aquecimento global acelerado no Ártico resultante dos mecanismos de reforço positivo.
1- Aquecimento global
2- Aquecimento Acelerado no Ártico
3- Aquecimento Global Fugidio.

Grandes erupções de metano ameaçam aquecer ainda mais a atmosfera, primeiro em lugares críticos sobre o Árctico e, eventualmente, ao redor do mundo, ao mesmo tempo causando enormes oscilações de temperatura e eventos climáticos extremos, contribuindo para o aumento da depleção de água doce e do abastecimento de alimentos, como ilustrado pela imagem abaixo a partir de um post anterior [imagem encontra-se no post original].

A situação é calamitosa e apela a uma acção abrangente e eficaz, conforme descrito no Plano Climático.

Abaixo está uma imagem de Malcolm Light, que atualiza uma imagem que apareceu em numa publicação anterior.

Anomalias de temperatura e desaparecimento do gelo polar Ártico

Nota do Tradutor: O ponto de intersecção dos envelopes que convergem as variações de amplitude das médias mensais móveis em 11 anos das anomalias da temperatura máxima de superfície do Giss [Goddard Institute of Space Studies da NASA] representa um tempo após o qual o efeito variável causado pelo calor latente do derretimento e congelamento do gelo do mar nas calotes polares irá ser eliminado, ou seja, o tempo em quea calote flutuante de gelo no Ártico vai derreter completamente.

Traduzido do original Greenhouse gas levels and temperatures keep rising de Sam Carana, no blogue onde contribuem vários cientistas do clima: Arctic News, a 14 de Janeiro de 2016.

Outros blogues com publicações recentes sobre Alterações Climáticas em Português:

Um Salto Aterrorizante nas Temperaturas Globais – Dezembro de 2015 1,4 C Acima de 1890

em https://aquecimentoglobaldesc…

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aumento da temperatura em 0,3°C até 1900
Sam Carana

Alterações Climáticas: Após o Acordo de Paris, Onde Ficamos?

Sugerimos a leitura de “Alterações Climáticas: Após o Acordo de Paris, Onde Ficamos?” no site Aquecimento Global: A Mais Recente Ciência Climática
 
No Acordo de Paris, os países comprometeram-se em fortalecer a resposta global à ameaça das alterações climáticas, mantendo o aumento da temperatura média global a menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais e fazendo esforços para limitar o aumento da temperatura em 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

aumento da temperatura global 1,5C

Quanto é que as temperaturas já subiram? Como ilustrado pela imagem acima, dados da NASA mostram que, durante o período trimestral de setembro a novembro de 2015, estava ~ 1°C mais quente do que em 1951-1980 (ou seja, que a linha de base).

Uma tendência polinomial com base nos dados de 1880-2015 para estes três meses indica que um aumento de temperatura de 1,5°C em relação à linha de base será alcançado no ano de 2024.

Vamos verificar os cálculos. A linha de tendência mostra que estava ~ 0,3°C mais frio em 1900 comparado com a linha de base. Considerando o atual aumento em ~ 1°C, isso implica que desde 1900 houve um aumento de 1,3°C em relação à linha de base. Isto faz com que um outro aumento de 0,2°C até 2024, como indicado pela linha de tendência, resultaria num aumento conjunto em 2024 de 1,5°C em comparação com a linha de base.

Anomalia da temperatura de superfície nos continentes

A situação é ainda pior do que isso. O Acordo de Paris visa evitar um aumento de temperatura de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Quando incluímos os aumentos de temperatura desde os níveis pré-industriais até o ano de 1900, torna-se evidente que já ultrapassámos um aumento de 1,5°C desde os níveis pré-industriais. Isto é ilustrado pela imagem acima, anteriormente adicionada a Quanto tempo resta para agir? (vejam as notas ali), e pelo gráfico em baixo, de uma publicação recente por Michael Mann, que acrescenta que um aquecimento de ~ 0,3°C por efeito de estufa já havia ocorrido por volta do ano de 1900.

aumento da temperatura em 0,3°C até 1900

Um aquecimento de ~ 0,3°C por efeito de estufa já havia ocorrido pelo ano de 1900.

Vamos adicionar as coisas novamente. Um aumento de ~ 0,3°C antes de 1900, um novo aumento de 0,3°C entre 1900 e a linha de base (1951-1980) e um novo aumento de ~ 1°C desde a linha de base até à data, juntos representam um aumento de ~ 1,6°C em relação aos níveis pré-industriais.

Por outras palavras, já ultrapassámos um aumento de 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais em 0,1°C.

A linha de tendência indica que um novo aumento de 0,5°C terá lugar até ao ano de 2030. Ou seja, que sem uma ação abrangente e efetiva, ficará 2°C mais quente do que os níveis pré-industriais antes do ano de 2030.

O pior das emissões ainda está por vir.

A maior parte da ira de aquecimento global ainda está por vir e a situação é ainda mais ameaçadora do que na foto acima, pelas seguintes razões:

  1. Metade do aquecimento global tem até agora sido mascarado por aerossóis, particularmente os sulfatos que são emitidos quando alguns dos combustíveis fósseis mais sujos são queimados, como o carvão e combustível bunker. Enquanto fizermos a mudança necessária para a energia limpa, o efeito de mascaramento que vem com essas emissões irá desaparecer.
  2. Como Ricke e Caldeira salientam, o dióxido de carbono que é libertado agora, só atingirá o seu pico de impacto daqui a uma década. Por outras palavras, ainda estamos por experienciar toda a ira do dióxido de carbono emitido durante a última década.
  3. picos anormais de temperaturas

  4. A maior ameaça vem de picos de temperatura. Pessoas em algumas partes do mundo vão ser atingidas mais fortemente, especialmente durante os picos de verão, como discutido na próxima secção deste post. Enquanto as temperaturas sobem, a intensidade desses picos irá aumentar. A imagem à direita ilustra isso com uma previsão para 25 de Dezembro de 2015, mostrando o tempo extremo para a América do Norte, com temperaturas tão baixas como 30,6°F -0,8°C na Califórnia, e tão elevadas quanto 71,5°F ou 22°C na Carolina do Norte. [a 26 fizeram de facto 22°C na Carolina do Norte e 3°C na Califórnia].
  5. Mecanismos de reforço positivo como as rápidas mudanças de albedo no Ártico e as grandes quantidades de metano libertadas abruptamente do fundo do mar do Oceano Ártico, podem acelerar dramaticamente o aumento de temperatura. Além disso, o vapor de água vai aumentar em 7% para cada 1°C de aquecimento. O vapor de água é um dos gases de efeito estufa mais fortes, logo, o aumento do vapor de água continuará a contribuir para um aumento não-linear da temperatura. As subidas de temperatura resultantes ameaçam ser não-lineares, como discutido na secção final deste post.

A situação é ainda pior para alguns

Tais aumentos de temperatura vão atingir algumas pessoas mais do que outras. Para as pessoas que vivem no hemisfério norte, a perspectiva é pior do que para as pessoas no Hemisfério Sul.

Dados da NOAA mostram que a anomalia da temperatura global em terra e nos oceanos para novembro foi de 0,97°C, enquanto que a anomalia da temperatura global na terra e nos oceanos para 3 meses foi de 0,96°C. A anomalia da temperatura em terra no Hemisfério Norte (onde a maioria das pessoas vivem) em novembro 2015 para 12 meses foi de 1,39°C, como mostrado na imagem abaixo, enquanto a linha de tendência mostra que, para as pessoas que vivem no Hemisfério Norte, um aumento de 1,5°C em comparação com 1910-2000 poderia ser alcançado tão cedo quanto em 2017.

Anomalia da Temperatura Terrestre no Hemisfério Norte

De forma similar, a perspectiva é pior para as pessoas que vivem em regiões que já estão a experienciar agora elevadas temperaturas durante os picos de verão. Como disse, com o aumento das temperaturas, a intensidade de tais picos irá aumentar.

Mecanismos de Reforço Positivo (Feedbacks) no Ártico

A imagem abaixo, de uma publicação anterior, representa o impacto dos feedbacks que estão a acelerar o aquecimento no Ártico, com base em dados da NASA até Novembro de 2013, e a sua ameaça de causarem aquecimento global descontrolado. Como a imagem mostra, as temperaturas no Ártico estão a subir mais rápido do que em qualquer outro lugar no mundo, mas o aquecimento global ameaça recuperar o atraso assim que os feedbacks começarem a ser mais intensivos. A situação, obviamente, deteriorou-se ainda mais desde que esta imagem foi criada em novembro de 2013.

Aquecimento global acelerado no Ártico e mecanisos de reforço positivo

Aquecimento global acelerado no Ártico resultante dos mecanismos de reforço positivo. 1- Aquecimento global; 2- Aquecimento Acelerado no Ártico; 3- Aquecimento Global Fugidio.

A imagem abaixo mostra as anomalias da temperatura de superfície do mar no Hemisfério Norte em novembro.

Anomalia da Temperatura de Superfície do Mar

A imagem em abaixo dá uma indicação das elevadas temperaturas da água abaixo da superfície do mar. Anomalias tão elevadas como 10,3°C ou 18.5°F foram registadas ao largo da costa leste da América do Norte (círculo verde no painel direito da imagem em baixo) a 11 de dezembro de 2015, enquanto que a 20 de dezembro de 2015, temperaturas tão altas quanto 10.7°C ou 51,3°F foram registadas perto de Svalbard (círculo verde no painel direito da imagem abaixo), uma anomalia de 9,3°C ou 16.7°F.

Anomalia da Temperatura de Superfície dos Oceanos Dez 2015

Esta água quente é levada pela corrente do Golfo para o Oceano Ártico, ameaçando soltar grandes quantidades de metano do fundo do mar. A imagem abaixo ilustra o perigo, mostrando enormes quantidades de metano sobre o Oceano Ártico a 10 de Dezembro, de 2015.

Níveis de Metano no Ártico

O metano é libertado ao longo do Oceano Ártico em grandes quantidades, e este metano está a mover-se em direção ao equador à medida que atinge grandes altitudes. A imagem em baixo ilustra como o metano está a acumular-se em altitudes mais elevadas.

Níveis globais de metano

A imagem em cima mostra que o metano é especialmente proeminente em altitudes mais elevadas recentemente, tendo impulsionado os níveis de metano numa média estimada em 9 ppb ou cerca de 0,5%. As emissões anuais de hidratos foram estimadas em 99 Tg anualmente, numa publicação de 2014 (imagem abaixo).

Fontes de emissões de metano

Fontes de emissões de metano em Tg por ano.
Pântanos – 217 = 28,1%; Combustíveis fósseis e biomassa – 131 = 17%; Ruminantes, arroz, lixeiras – 200 = 25,9%; Outras fontes naturais, lagos, incêndios – 123 = 16%; Hidratos e Permafrost – 100 = 13%; Total – 171 Tg por ano.

Uns adicionais 0,5% de metano representam uma quantidade de cerca de 25Tg de metano. Isto vem em cima dos 99 Tg de metano estimados em 2014 como sendo libertados de hidratos anualmente.

A situação é calamitosa e apela a uma acção abrangente e eficaz, conforme descrito no Plano Climático.

Referências

– How Close Are We to ‘Dangerous’ Planetary Warming? By Michael Mann, December 24, 2015
http://www.huffingtonpost.com/michael-e-mann/how-close-are-we-to-dangerous-planetary-warming_b_8841534.html

– Maximum warming occurs about one decade after a carbon dioxide emission, by Katharine L Ricke and Ken Caldeira (2014)
http://iopscience.iop.org/1748-9326/9/12/124002/article

– How much time is there left to act?
http://arctic-news.blogspot.com/p/how-much-time-is-there-left-to-act.html

Durante os três meses do período entre Setembro e Novembro de 2015, esteve 1°C mais quente do que entre 1951-1980,…
Publicado por Sam Carana na quarta-feira, 16 de Dezembro de 2015, em Arctic-News.blogspot.com

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Ártico, Distorção Social, Metano

Royal Society Despreza Cientistas do Ártico e Suas Importantes Pesquisas

Há alguns dias, ocorreu uma importante reunião da Royal Society que apresentou pesquisas importantes sobre o estado atual do Ártico. Intitulado de “Redução do gelo do mar do Ártico: a evidência, os modelos e impactos globais”, o evento foi realizado em Londres, Inglaterra. Foi publicitado como um “encontro de discussão científica organizado pelo Dr. Daniel Feltham, Dr. Sheldon Bacon, Dr. Mark Brandon e o Professor (emérito) Julian Hunt FRS.”

Interesses poderosos parecem estar a colocar-se no caminho de importantes pesquisas sobre metano e um Ártico a minguar. "Dra. Shakhova Sobre o Ártico: 'Então tudo, tudo, parece anómalo. Até após a nossa experiência nestes 10 anos, tudo parece anómalo. E isso é que o (Dr. Semiletov) faz pensar que o pior poderá acontecer." "Resumindo, nós não gostamos do que estamos a ver lá, absolutamente Não Gostamos.'" - Natalia Shakhova

Interesses poderosos parecem estar a colocar-se no caminho de importantes pesquisas sobre metano e um Ártico a minguar.
“Dra. Shakhova Sobre o Ártico: ‘Então tudo, tudo, parece anómalo. Até após a nossa experiência nestes 10 anos, tudo parece anómalo. E isso é que o (Dr. Semiletov) faz pensar que o pior poderá acontecer.” “Resumindo, nós não gostamos do que estamos a ver lá, absolutamente Não Gostamos.'” – Natalia Shakhova

Os apresentadores e participantes incluíam uma lista de mais de 200 cientistas climáticos importantes de diferentes partes do mundo. Podia-se supor a partir da lista de workshops que esta conferência estava a ser realizada para falar e discutir a perda crítica de gelo que estamos a ver no Ártico, e que o propósito da reunião seria o de incluir todos e quaisquer dados relevantes para este evento nunca antes visto na história da humanidade. As pessoas que seguem a rápida perda de gelo do Ártico e todos esses dados podiam até ser perdoados por sentimentos de excitação e esperança que pelo menos alguém está “a trabalhar nisso.” Poderíamos ter assumido que a comunicação era um dos objetivos, especialmente já que a conferência foi twittada em largo, mesmo de dentro da conferência. Após os tweets poderíamos também ter assumido que as pessoas na conferência pretendiam partilhar informação que era importante não apenas sobre a mudança climática mas também a perda de gelo do mar Ártico.

Tal conferência soa como uma grande idéia, não é? Poderíamos ter um motivo de esperança e os organizadores pareciam transparentes, indo mesmo tão longe como twittar planos. Mas tais premissas e pressupostos teriam sido mal colocados. Em vez disso, o que aconteceu se transformou no que tem sido chamado de desprezo de cientistas pela Royal Society: desenvolveu-se um alvoroço tanto no meio científico como na Internet, e já levantou sérias questões. A questão principal foi que os cientistas de ponta Dra. Shakhova e Dr. Semiletov nem sequer foram convidados para apresentar ou discutir as suas descobertas muito recentes sobre o gelo do mar Ártico e libertações de metano.

Quem são eles e o que eles tinham a oferecer a esta conferência? Talvez tenha sido um “acidente” não terem sido convidados? Talvez eles apenas não estivessem na lista de convidados? Ou, se eles não foram deliberadamente convidados, qual poderia ser a razão?

Ao que parece, a Dra. Shakhova e o Dr. Semiletov tinham acabado de voltar de uma expedição crucial ao Ártico. A expedição Swerus C3 foi conduzida a bordo do navio quebra-gelo Oden. O objetivo era coletar dados sobre o Ártico, em particular no que concerne hidratos de metano e interação de sistemas.

A Expedição SWERUS-C3

Tripulação e Investigadores da Expedição Swerus C3

Tripulação e Investigadores da Expedição Swerus C3

SWERUS-C3 é uma cooperação Sueco-Russo-Norte-americana de duas etapas que vai investigar as ligações entre o clima, a criosfera e o carbono. A etapa número 1 da expedição partiu de Tromsø, na Noruega, no dia 5 de Julho e viajou ao longo da costa russa do Ártico para chegar a Barrow, Alasca, onde uma permuta de pessoal de investigação e tripulação ocorreu a 20 de Agosto. A 21 de Agosto a SWERUS-C3 partiu na sua viagem de volta para Tromsø, desta vez sobre o desfiladeiro Lomonosov, uma cadeia montanhosa submarina.”

“Durante a segunda etapa da expedição, estudámos a água quente do Atlântico que flui para o Oceano Ártico e deixa marcas em profundidades de 900 metros, bem como as enormes faixas no fundo do oceano deixadas por camadas de gelo anteriores encontradas no centro do Oceano Ártico”, diz Martin Jakobsson, professor na Universidade de Estocolmo e cientista-chefe na Etapa número 2. Ele continua: “O material permitirá fornecer novas perspectivas sobre o desenvolvimento e história do gelo do mar Ártico, bem como sobre a estabilidade dos hidratos de gás ao longo da plataforma continental do Ártico.”

As descobertas no Ártico não têm sido particularmente reconfortantes; na verdade, elas anunciam um cenário terrível. Um comunicado de imprensa da Universidade de Estocolmo descreveu que eles descobriram: “vastas colunas de metano escapando do leito marinho no talude continental de Laptev. Esses vislumbres iniciais daquilo que pode estar reservado para um aquecimento do Oceano Ártico poderá ajudar os cientistas a projetarem as emissões futuras do forte gás de efeito estufa, metano, a partir do Oceano Ártico.”

Tudo isto poderia ser lido como uma mera disputa diplomática ou conflito de carreiras entre cientistas, ou algum tipo de drama de televisão a acontecer numa conferência obscura de nomes menos que conhecidos, então por que haveria de estar o leitor comum interessado no que isto tem a ver com a vida na Terra?

Tem de facto tudo a ver com cada ser que habita este planeta. Para colocar em contexto: os eventos no Ártico estão-se a tornar numa emergência planetária e estão-se a desenvolver à medida que você lê isto. O ponto chave é o colapso total do gelo do mar Ártico, semelhante ao nosso ar condicionado planetário ir kaput. Por favor, veja a surpreendente imagem da Espiral de Morte do Ártico, do site http://climatestate.com/, para ver o quão pouco gelo do Ártico resta: Espiral de Morte do Ártico 1979-2013 (Declínio do gelo do mar / degelo)

A espiral de morte do Ártico, mostra a dimensão da área do gelo no Ártico, com o período de maior degelo em Setembro. Está previsto o seu desaparecimento total pela primeira vez em 2018.

A espiral de morte do Ártico, mostra a dimensão da área do gelo no Ártico, com o período de maior degelo em Setembro. Está previsto o seu desaparecimento total pela primeira vez em 2018.

Palavras-chave: Emergência Planetária.

Um artigo recente no USA Today intitulado ‘Estudo: Terra no meio da sexta extinção em massa’, declarou: “A perda e declínio de animais por todo o mundo – causado pela perda de habitat e perturbação climática global – significa que estamos no meio de uma sexta “extinção em massa” da vida na Terra, de acordo com vários estudos saídos na quinta-feira na revista Science. Um estudo descobriu que, apesar de a população humana ter duplicado nos últimos 35 anos, o número de animais invertebrados – como besouros, borboletas, aranhas e vermes – diminuiu em 45% durante o mesmo período.” Simples pesquisas Google sobre o tema permitem descobrir uma adição recente de muitos desses artigos no mesmo tema.”

Para ser clara, tenho o maior respeito pela comunidade científica e pelo que eles têm contribuído para o avanço da ciência. Eu entrevistei alguns, e ajudei a dar voz ao trabalho de cientistas, professores, educadores e especialistas: Eu acredito numa comunicação aberta. Acredito que quando há um problema enorme como neste caso da nossa emergência planetária ou 6º “evento de extinção” em massa, precisamos de todas as mãos no convés, especialmente os que estão aí fora na linha de frente. A Dra. Shakhova e o Dr. Semiletov são dois deles.

De acordo com modelos de computador, o nosso ar condicionado do Ártico deveria permanecer intacto e funcionar de forma eficaz por muitos anos. Anteriormente, o ano de 2100 foi referido como o ano em que veríamos realmente o inferno a soltar-se. Agora percebemos que esses modelos estavam mesmo fora. Na verdade, o nosso “ar-condicionado” está a auto destruir-se mais a cada minuto, causando uma corrente de jato sinuosa que já está a feder a devastação climática por todo o mundo: tufões, furacões, tornados e outros eventos catastróficos climáticos são mais comuns. De fato, a mudança climática já se tornou francamente desagradável. O que nos foi dito que não iria acontecer até muito mais tarde está realmente a acontecer agora.

Cientistas e governos percebem que temos um grande problema e começaram a fazer montes e montes de pesquisas no nosso ar condicionado do Ártico. Peritos foram enviados para ver o problema, a Dra. Shakhova e o Dr. Semiletov a bordo, e disseram-lhes para relatarem no regresso as suas descobertas.

O Problema

Os especialistas de ar condicionado que foram enviados para verificar o problema não foram convidados a participar no evento da Royal Society para relatarem as descobertas, nem mesmo discutirem a avaria do ar condicionado. Para ser justo, alguns deles foram chamados, incluindo o professor Peter Wadhams (embora outras questões importantes surgiram em relação ao Prof Wadhams também). No entanto, os únicos cientistas que foram chamados a apresentar um relatório sobre o problema foram os mesmos que têm vindo a utilizar os mesmos tipos de métodos conservadores de modelagem por computador que tradicionalmente têm provado estar seriamente atrasados na linha de tempo real seguida pelo gelo do Ártico.

Tem claramente sido seguro dizer que há anos que esses métodos de modelagem por computador são mais conservadores do que precisos, e que estão agora de fato fora e longe da marca de precisão. Mesmo alguém não-cientista pode ver claramente que há uma divisão profundamente séria entre as previsões de modelos conservadores e os eventos dramáticos de degelo dos dias atuais.

A Royal Society planeia uma conferência “comunicativa” sobre o gelo marinho do Ártico e deixa de fora os peritos que voltaram recentemente de uma expedição com risco de vida feita especificamente para analisar o problema. Enquanto isso, outros em cadeiras de escritório confortáveis ​​apenas trituram dados para ajudar na adivinhação de possíveis cenários problemáticos. A quem você escutaria? Você confiaria num só perito ou você chamaria tantos especialistas quanto possível para reunir recursos? Você sente-se seguro apenas a ouvir um lado da história, sem incluir observações do mundo real, dados e discussão?

Imagine por um momento que você é Shakhova e os seus colegas. Você foi enviado para observar e apresentar um relatório sobre o ar condicionado avariado. Você tem observado mudanças rápidas e quase inacreditáveis ​​que aconteceram nas suas expedições. Está a desfazer-se aos pedaços e a libertar metano. Você sabe que o metano é muitas vezes mais potente e poderoso do que o dióxido de carbono e pode causar muito mais dano à Terra se estiver a sair em grandes quantidades. Na verdade, você nunca viu tais alterações maciças em numerosas expedições anteriores. Está profundamente preocupado e precisa realmente de avisar outros envolvidos com o ar condicionado do Ártico para que saibam o que você viu.

Mas, quando a chance de falar sobre seus dados e observações surge, você não está convidado. A reunião muito importante continua sem você e nada do que você viu, documentou e observou irá tornar-se do conhecimento público. Você está chocado com esse desprezo, ou essa “exclusão”. Você quer poder dizer-lhes e, portanto, ao mundo o que está acontecendo. Você deseja soltar essas informações de modo que eles deixem outros saberem o que está a acontecer com o nosso ar condicionado do Ártico e os sintomas causados pelo seu derretimento.

Eu posso apenas imaginar como isso deve ter-lhe feito sentir, sentado nestes dados mais recentes e muito importantes e não poder compartilhar. Educadamente, porém, a Dra. Shakhova escreve uma carta sobre a sua exclusão, e pede para poder apresentar os seus dados e observações. Ela envia uma carta a Sir Paul Nurse da Royal Academy (via o jornalista de comunicação climática, Nick Breeze):

04 de Outubro de 2014
Por correio e e-mail

Caro Sir Paul Nurse,

Estamos satisfeitos por a Royal Society reconhecer o valor da ciência do Ártico e ter sediado uma importante reunião científica na semana passada, organizada pelo Dr. D. Feltham, o Dr. S. Bacon, o Dr. M. Brandon, e o Professor Emérito J. Hunt (https://royalsociety.org/events/2014/arctic-sea-ice/).

Os nossos colegas e nós temos estado a estudar a Placa Continental do Ártico da Sibéria Oriental [East Siberian Arctic Shelf (ESAS) há mais de 20 anos e temos conhecimento detalhado de observação das mudanças que ocorrem nesta região, como documentado por publicações em revistas de topo como a Science, a Nature e a Nature Geosciences. Durante estes anos realizámos mais de 20 expedições, em todas as estações do ano. que nos permitiram acumular um conjunto amplo e abrangente de dados consistindo em dados hidrológicos, biogeoquímicos e geofísicos, e proporcionando uma qualidade de cobertura que é difícil de alcançar, mesmo em áreas mais acessíveis dos Oceanos do Mundo.

Até o momento, somos os únicos cientistas que possuem dados observacionais de longo prazo em metano na ESAS. Apesar de peculiaridades na regulação que limitam o acesso de cientistas estrangeiros na Zona Económica Exclusiva da Rússia, onde a ESAS está localizada, ao longo dos anos temos recebido cientistas da Suécia, EUA, Holanda, Reino Unido e outros países para trabalharem ao nosso lado. A grande expedição internacional realizada em 2008 (ISSS-2008) foi reconhecida como o melhor estudo biogeoquímico do Ano Polar Internacional (2007-2008). O conhecimento e a experiência que acumulámos ao longo destes anos de trabalho lançaram as bases para uma extensa expedição Russo-Sueca a bordo do I/B ODEN (SWERUS-3), que permitiu a mais de 80 cientistas de todo o mundo colherem mais dados desta área única. A expedição foi concluída com sucesso apenas alguns dias atrás.

Para nossa consternação, não fomos convidados a apresentar os nossos dados na reunião da Royal Society. Além disso, esta semana descobrimos, através de um resumo Storify no twitter (divulgada pelo Dr. Brandon), que em vez foi o Dr. G. Schmidt convidado para discutir a questão do metano e explicitamente atacou o nosso trabalho utilizando o modelo de outro estudioso, cujo esforço de modelagem é feito com base em pressupostos teóricos não testados que não têm nada a ver com observações na ESAS. Enquanto o Dr. Schmidt tem experiência em modelagem climática, ele não é um especialista nem em metano nem nesta região do Ártico. Ambos os cientistas, portanto, não têm nenhum conhecimento observacional sobre metano e os processos associados nesta área. Lembremo-nos que o vosso lema “Nullus em verba” foi escolhido pelos fundadores da Royal Society para expressar a sua resistência ao dominação da autoridade; o princípio assim expresso exige que todas as reivindicações sejam apoiadas por fatos que tenham sido estabelecidos pela experiência. Em nossa opinião, não só as palavras mas também as ações dos organizadores traíram deliberadamente os princípios da Royal Society tal como expressos pelas palavras “Nullus em verba”.

Além disso, gostaríamos de destacar a parcialidade Anglo-Americana na lista de apresentadores. É preocupante que o conhecimento científico russo estava em falta e, portanto, marginalizado, apesar de uma longa história de notáveis ​​contribuições da Rússia para a ciência do Ártico. Sendo cientistas russos, acreditamos que o preconceito contra a ciência russa está a crescer devido a divergências políticas com as ações do governo russo. Isso restringe nosso acesso a revistas científicas internacionais, que se tornaram extremamente exigentes quando se trata de publicação de nosso trabalho em comparação com o trabalho dos outros sobre temas semelhantes. Temos consciência de que os resultados de nosso trabalho podem interferir com os interesses cruciais de algumas agências e instituições poderosas; no entanto, acreditamos que não era a intenção da Royal Society permitir que considerações políticas passem por cima da integridade científica.

Entendemos que pode haver debate científico sobre este tema crucial pois relaciona-se com o clima. No entanto, é parcial apresentar apenas um lado do debate, o lado com base em pressupostos teóricos e de modelagem. Em nossa opinião, foi injusto impedir-nos de apresentar os nossos dados com várias décadas, dado que mais de 200 cientistas foram convidados a participar em debates. Além disso, estamos preocupados que os procedimentos da Royal Society neste encontro científico virão a ser desequilibrados a um grau inaceitável (que é o que tem acontecido na mídia social).
Consequentemente, solicitamos formalmente a igualdade de oportunidades para apresentar os nossos dados perante vocês e outros participantes desta reunião da Royal Society sobre o Ártico e que vocês, como organizadores, abstenham-se de produzir quaisquer procedimentos oficiais antes de nós sermos autorizados a falar.

Sinceramente,
Em nome de mais de 30 cientistas,

Natalia Shakhova e Igor Semiletov

Entre as pessoas preocupadas que seguem isto de perto está o professor a tempo parcial Prof. Paul Beckwith, estudante de doutoramento da mudança climática abrupta. Beckwith oferece as suas preocupações sobre esta última série de eventos na Royal Society no seu vídeo mais recente: A little chat on methane [Uma pequena conversa sobre metano]

A última declaração de Beckwith sobre sua avaliação global da situação do Ártico e em que ponto estamos, também não é particularmente reconfortante: “O nosso sistema climático está atualmente a passar por estágios preliminares de uma mudança climática abrupta. Se permitido continuar, o sistema climático planetário é bem capaz de se submeter a um aumento da temperatura média global de 5°C a 6°C numa década ou duas. Precedência de mudanças numa taxa tão elevada podem ser encontradas inúmeras vezes nos paleo-registos. Da minha cadeira, eu concluo que é vital que cortemos as emissões de gases de efeito estufa e passemos por um programa intensivo de engenharia climática para resfriar a região do Ártico e manter o metano no seu lugar na permafrost e nos sedimentos oceânicos”. [Artigo do blogue ‘Alterações Climáticas’ traduzido do original que se encontra no blogue ‘Arctic News’]

Surgiu também um estudo de Lawrence Livermore Laboratory, que trouxe à tona notícias preocupantes sobre a questão do metano. Acesse aqui: Review of Methane Mitigation Technologies with Application to Rapid Release of Methane from the Arctic

No artigo de Lawrence Livermore Laboratory concluíram que:

“Na nossa avaliação de fontes sobre o metano no Ártico, descobrimos que permanecem lacunas significativas na compreensão dos mecanismos, da magnitude e da probabilidade de libertação de metano do Ártico. Nenhum autor afirmou que a libertação catastrófica de metano, por exemplo centenas de Gigatoneladas ao longo de anos a décadas fosse o desfecho esperado a curto termo. Mas até que os mecanismos sejam mais bem compreendidos, tal catástrofe não pode ser descartada. As provas são fortes de que o metano teve um papel nos eventos de aquecimento do passado, mas a fonte de libertação de metano e mecanismos específicos no aquecimento no passado não está ponto assente”.

“Enquanto a maioria dos autores indicaram que uma libertação catastrófica é improvável, uma libertação crónica, climaticamente significativa de metano do Ártico parece plausível. Tal libertação poderia prejudicar ou soterrar reduções graduais de emissões feitas noutros lugares e, assim, justificar intervenção tecnológica.”

Entretanto, esperamos com antecipação para ver qual a resposta da Royal Society, e se vamos poder ouvir quanto aos dados mais recentes de observações sobre o estado do Ártico por Shakhova e Semiletov. Eu, por exemplo, gostaria de saber tudo sobre como o ar condicionado do Ártico está indo realmente; você não?

Emergência Planetária Atualização

Enquanto escrevo o texto acima, um novo artigo é lançado: “É Pior Do Que Pensávamos” – Novo Estudo Descobriu que a Terra Está a Aquecer Mais Rapidamente do que o Esperado.” Um pequeno excerto: “No início desta semana, um novo estudo surgiu mostrando que o mundo estava realmente a aquecer muito mais rápido do que o esperado. O estudo, que focou sensores nos 2,000 pés do topo do Oceano Global, descobriu que as águas tinham aquecido a uma extensão muito maior do que os nossos modelos limitados, satélites e sensores haviam capturado. Particularmente o Oceano Antártico mostrou muito maior aquecimento do que o que foi anteriormente previsto”.

Muito obrigado a Julian Warmington, Professor Associado da BUFS, Busan University of Foreign Studies, por editar esta notícia.


Traduzido do original de Dorsi Diaz (Facebook / Twitter), publicado no Examiner.com

LINKS SUGERIDOS NO TEMA DE ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS, METANO E ÁRTICO

Mudança Climática em Aceleração

Água Quente Estende-se do Mar Laptev ao Polo Norte

Qual a Evidência Científica de Libertação de Metano no Ártico

(Cópia com tradução portuguesa e título “sensacional” adicionados, tirada do original com o título em Inglês “Methane Hydrates: Extended Interview Extracts With Natalia Shakhova”)

Standard
Mudança Climática em aceleração, Anomalias de temperatura
Sam Carana

Mudança Climática em Aceleração

Sugerimos a leitura de “Mudança Climática em Aceleração” no site Aquecimento Global: A Mais Recente Ciência Climática
 
Níveis de metano tão elevados quanto 2562 ppb foram registados a 9 de Outubro de 2014, como ilustrado pela imagem abaixo.

Níveis de Metano a 9 de Outubro 2014
Muitas áreas cinzentas aparecem na imagem onde o QC (controle de qualidade) falhou, por ter sido muito difícil ler os níveis de metano na respectiva área, aparentemente devido a níveis de humidade elevados (ou seja, neve, chuva ou vapor de água) na atmosfera.

Clima sobre o Ártico dificulta leituras de metano.
Como a imagem acima ilustra, a cobertura de nuvens é elevada sobre o Ártico, ao mesmo tempo que há precipitação em forma de neve.

Anomalias da temperatura do mar de superfície tão elevadas quanto + 1,89°C atingiram o Atlântico Norte (a 8 de Outubro de 2014.

Anomalias da temperatura do mar de superfície tão elevadas quanto + 1,89°C atingiram o Atlântico Norte (a 8 de Outubro de 2014.

Noutras palavras, níveis elevados de metano (acima de 1.950 ppb, de cor amarela) podiam estar presentes sobre uma parte muito maior do Oceano Ártico, enquanto o metano nessas áreas cinzentas podia ter sido ainda maior do que o nível de pico medido de 2456 ppb.

Isto parece confirmar-se pela persistência de níveis elevados de metano sobre vastas áreas em todo o Oceano Ártico, tanto na parte da manhã (parte superior da imagem mais acima) e à tarde (parte inferior da imagem) a 9 de Outubro de 2014.

Os níveis de metano estão assim elevados sobre o Oceano Ártico por um número de razões, incluindo:

  • A Corrente do Golfo continua a empurrar água quente para Oceano Ártico.
  • As erupções de metano resultantes vindas do fundo do mar no Oceano Ártico constituem um feedback (mecanismo de retroacção) que acelera o aquecimento no Ártico.
  • À medida que o Ártico aquece mais rapidamente do que o resto da Terra, as coberturas de gelo e neve do Ártico vão diminuir, acelerando ainda mais o aquecimento no Ártico.
  • À medida que o Ártico aquece mais rapidamente do que o resto da Terra, a velocidade com que as correntes de jato circundam o Hemisfério Norte vai enfraquecer, tornando-o mais meandro [fazendo-o serpentear], resultando numa maior frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, secas e incêndios florestais.

Aqui está um exemplo de aquecimento intenso. Olhe o que está a acontecer atualmente na Gronelândia.

As anomalias de temperatura alta sobre a Groenlândia e partes do Oceano Ártico a 11 de Outubro de 2014. Note-se que as anomalias são a média ao longo do dia (e da noite).

Como a imagem acima à direita mostra, anomalias da temperatura do mar de superfície tão elevadas quanto + 1,89°C atingiram o Atlântico Norte (a 8 de Outubro de 2014).

Além disso, a cobertura elevada de nuvens sobre o Ártico (imagem mais acima) torna-o difícil para o calor irradiar para o espaço, contribuindo ainda mais para as anomalias de alta temperatura.

A imagem à direita mostra as anomalias de temperatura alta sobre a Gronelândia e partes do Oceano Ártico a 11 de Outubro de 2014. Note-se que as anomalias são a média ao longo do dia (e da noite).

A imagem abaixo (à direita) mostra anomalias correspondentes à extremidade superior da escala atingindo grande parte da Gronelândia num momento específico durante o dia de hoje. A parte esquerda da imagem abaixo mostra como isso pode acontecer, ou seja, correntes de jato enrolando em torno da Gronelândia que apanham o fluxo de entrada de ar quente vindo do Atlântico Norte.

Temperaturas muito altas na gronelândia, Outubro 2014
Tal como dito, à medida que o Ártico aquece mais rapidamente do que o resto da Terra, a velocidade com que as correntes de jato circunavegam o Hemisfério Norte vai enfraquecer, fazendo com que os jatos meandrem mais e criem padrões que podem reter o calor (ou frio), durante um número de dias sobre uma determinada área. Devido à altura das suas montanhas, a Gronelândia é particularmente propensa a ser cada vez mais atingida por ondas de calor resultantes de tais padrões de bloqueio. O aquecimento altera a textura da neve e do gelo, tornando-o mais lamacento e escuro, o que também faz com que absorva mais calor da luz solar, acelerando ainda mais o degelo.

Como Paul Beckwith adverte num post anterior, as taxas de derretimento na Gronelândia duplicaram nos últimos 4 a 5 anos, e as taxas de degelo sobre a Península Antárctica aumentaram ainda mais rápido. Com base nas últimas décadas, as taxas de derretimento tiveram um período de duplicação de cerca de 7 anos. Se esta tendência continuar, podemos esperar um aumento do nível do mar próximo de 7 metros por volta de 2070.

Aumento da média global do nível do mar, prevista em 2,5 metros até 2040. Dados da NASA / GSFC com referência a 7/7/2014 e curva exponencial polinomial adicionada por Sam Carana para o Arctic-news.blogspot.com

Aumento da média global do nível do mar, prevista em 2,5 metros até 2040. Dados da NASA / GSFC com referência a 7/7/2014 e curva exponencial polinomial adicionada por Sam Carana para o Arctic-news.blogspot.com Imagem tirada de http://arctic-news.blogspot.com/2014/07/more-than-25m-sea-level-rise-by-2040.html

Isto são tudo indicações de que o ritmo da mudança climática está a acelerar em muitos aspectos, o mais perigoso sendo as cada vez maiores erupções de metano do fundo do mar do Oceano Ártico. Como a imagem abaixo mostra, as anomalias da temperatura do mar de superfície são muito elevadas no Oceano Ártico, indicando temperaturas muito elevadas sob a superfície.

Variação da Temperatura do Mar em +4 a +8 graus C no Ártico

Variação da Temperatura do Mar em +4 a +8 graus C no Ártico

O Secretário de Estado dos EUA John Kerry disse recentemente: “Há agora – agora mesmo – défices alimentares graves que ocorrem em lugares como a América Central porque as regiões estão a lutar contra as piores secas em décadas, não são eventos [de periodicidade] de 100 anos em termos de inundações, em termos de incêndios, em termos de seca -.são eventos de 500 anos, algo inédito na nossa medição do tempo.” Avisando sobre catástrofe iminente, Kerry acrescenta: “A vida como você a conhece na Terra termina. Um aumento em sete graus Fahrenheit (3,9°C), e não podemos sustentar as culturas, a água, a vida nessas circunstâncias.”

A situação é grave e exige uma ação abrangente e eficaz, como discutido no blogue Climate Plan.

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Paul Beckwith

Onde Estamos – Um Resumo do Sistema Climático, por Paul Beckwith

Sugerimos a leitura de “Onde Estamos – Um Resumo do Sistema Climático, por Paul Beckwith” no site Aquecimento Global: A Mais Recente Ciência Climática
 

Ar

A presença de GEE (gases de efeito estufa) na atmosfera é vital para sustentar a vida no nosso planeta. Estes gases de efeito estufa prendem o calor e mantêm a temperatura média de superfície global do planeta em cerca de 15°C, em comparação com uns gélidos -18°C, o que seria a nossa temperatura sem os gases de efeito estufa.

Nós alterámos a composição química da atmosfera, especificamente das concentrações dos gases de efeito estufa. As concentrações de dióxido de carbono aumentaram cerca de 40% desde o início da revolução industrial (de uma variação curta entre 180 e 280 ppm durante pelo menos os últimos milhão de anos) para 400 ppm. As concentrações de metano aumentaram em mais de 2,5 vezes desde o início da revolução industrial (de uma variação curta de 350-700 ppb) para mais de 1.800 ppb. O calor adicional detido tem aquecido o nosso planeta em mais de 0,8°C ao longo do século passado, com a maior parte desse aquecimento (0,6°C) a ocorrer nas últimas 3 a 4 décadas.

Oceanos

Mais de 90% do calor detido na superfície do planeta está a aumentar a temperatura da água no oceano. O aumento dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera acidificam a precipitação, e aumentaram a acidez dos oceanos em cerca de 40% nas últimas 3 a 4 décadas (o PH do oceano aberto caiu de 8,2 para 8,05 na escala logarítmica). Uma queda acentuada para um PH de 7,8 impedirá que conchas com base em cálcio se formem e ameaçará toda a cadeia alimentar do oceano. Mudanças nas correntes oceânicas e os perfis verticais de temperatura estão a levar a uma maior estratificação e menos revolvimento, o que é necessário para o transporte de nutrientes para a superfície para que o fitoplâncton prospere.

Os níveis do mar globais estão atualmente a aumentar a uma taxa de 3,4 mm por ano, em comparação com uma taxa de cerca de 2 mm por ano algumas décadas atrás. As taxas de derretimento na Gronenlândia duplicaram nos últimos 4 a 5 anos, e as taxas de derretimento na Península Antárctica aumentaram ainda mais rápido. Com base nas últimas décadas, as taxas de derretimento tiveram um período de duplicação de cerca de 7 anos. Se esta tendência continuar, podemos esperar um aumento do nível do mar próximo de 7 metros em 2070.

Aumento da média global do nível do mar, prevista em 2,5 metros até 2040. Dados da NASA / GSFC com referência a 7/7/2014 e curva exponencial polinomial adicionada por Sam Carana para o Arctic-news.blogspot.com

Aumento da média global do nível do mar, prevista em 2,5 metros até 2040. Dados da NASA / GSFC com referência a 7/7/2014 e curva exponencial polinomial adicionada por Sam Carana para o Arctic-news.blogspot.com

Terra

As temperaturas médias globais mais elevadas aumentaram a quantidade de vapor de água na atmosfera em cerca de 4% ao longo das últimas décadas, e cerca de 6% desde o início da revolução industrial. Mudanças na distribuição de calor em latitude, resultantes do aquecimento desigual em latitude, desaceleraram as correntes de jato o que causou que se tornassem mais onduladas e fraturadas, e alteraram as estatísticas do tempo. Agora temos eventos climáticos extremos com maior frequência, intensidade e tempo de duração e também uma mudança nos locais onde ocorrem esses eventos.

Ciclos de Feedback

A sensibilidade do sistema climático ao aumento dos níveis de gases de efeito estufa parece ser muito maior do que o anteriormente esperado, devido a muitos feedbacks [mecanismos de retroacção] de reforço poderosos.

O Albedo é o efeito de reflexão da luz solar. Com o derretimento do gelo e da neve, diminui o efeito de Albedo e a quantidade de superfície escura e absorvente de calor é maior. 90% da radiação solar é reflectida pela superfície da água quando coberta de gelo e neve, mas apenas 6% é reflectido após o gelo derreter e a água encontrar-se a descoberto.

O Albedo é o efeito de reflexão da luz solar. Com o derretimento do gelo e da neve, diminui o efeito de Albedo e a quantidade de superfície escura e absorvente de calor é maior. 90% da radiação solar é reflectida pela superfície da água quando coberta de gelo e neve, mas apenas 6% é reflectido após o gelo derreter e a água encontrar-se a descoberto.

A amplificação da temperatura do Ártico pelo declínio exponencial do gelo do mar e da cobertura de neve primaveril são os feedbacks mais fortes no nosso sistema climático hoje. O albedo (refletividade) médio da região do Ártico diminuiu de 52% para um valor atual de 48% ao longo de 3 ou 4 décadas. O aumento da absorção de energia no Ártico tem aumentado a temperatura nas latitudes altas em taxas de até 6 a 8 vezes a da mudança da temperatura média global. A diferença de temperatura reduzida entre o Ártico e o Equador reduziu a velocidade na direcção oeste-leste das correntes de jato, tornando-as mais lentas, onduladas e fraturadas, e causando diretamente uma grande mudança nas estatísticas das nossas condições meteorológicas globais.

As emissões de gás metano têm vindo a aumentar rapidamente na região do Ártico a partir do permafrost terrestre e dos sedimentos marinhos da plataforma continental, principalmente na ESAS (Eastern Siberian Arctic Shelf) [Placa Continental do Ártico a Este da Sibéria]. A capacidade extremamente potente do metano para aquecer o planeta (o potencial de aquecimento global, GWP, é de 150, 86, e 34 vezes maior para o metano em relação ao dióxido de carbono numa escala de alguns anos, várias décadas, e um século, respectivamente) torna o aumento das emissões um risco extremamente perigoso para o nosso bem-estar no planeta.

A Minha Avaliação Geral

O nosso sistema climático está atualmente a passar por estágios preliminares de uma mudança climática abrupta. Se permitido continuar, o sistema climático do planeta é bem capaz de passar por um aumento da temperatura média global de 5°C a 6°C numa década ou duas. Precedência de mudanças numa taxa tão elevada podem ser encontradas inúmeras vezes nos paleo-registos. Da minha cadeira, concluo que é vital que cortemos as emissões de gases de efeito estufa e passemos por um programa intensivo de engenharia climática [ geoengenharia ] para resfriar a região do Ártico e manter o metano no seu lugar na permafrost e nos sedimentos oceânicos.

Paul Beckwith

Paul Beckwith

Artigo original em Arctic-news.blogspot.com por…
Paul Beckwith é professor a tempo parcial com o laboratório de paleoclimatologia e climatologia, Departamento de Geografia, Universidade de Ottawa. Paul ensina climatologia / meteorologia e faz pesquisa de doutorado em “Mudança Climática Abrupta no Passado e Presente”. Paul possui um Mestrado em física de laser e um Bacharel. em física de engenharia e alcançou o ranking de mestre de xadrez numa vida anterior. 

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