Estamos a caminho de uma temperatura que está ao nível ou próximo da temperatura mais elevada experienciada na Terra nos últimos 2 mil milhões de anos – Guy McPherson
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Conteúdo traduzido do vídeo da publicação Humans ‘don’t have 10 years’ left thanks to climate change em NewsHub.co.nz numa entrevista a Guy McPherson publicada a 24 de novembro de 2016
Para uma apresentação ao vivo por Guy McPherson descriminando a ciência na qual ele baseia o seu prognóstico a tão curto prazo para a espécie humana, vejam: Aquecimento Global e Extinção da Espécie Humana – Guy McPherson
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Extinção humana em 10 anos devido à mudança climática (Guy McPherson em direto na TV da Nova Zelândia)
– Vamos a caminho de uma extinção em massa. Ora aí têm. É isso. Ponto final. Devido aos humanos destruírem o nosso próprio habitat. Essa é a mensagem sem meias medidas de Guy McPherson, da Universidade do Arizona. Alguns chamam-no de eco-terrorista, outros dizem que é um anarquista, mas será que poderia ser apenas um realista? Guy está na Nova Zelândia numa digressão em palestras e está connosco agora. Guy, é ótimo encontrar-lhe outra vez.
– Igualmente, Paul.
– Da última vez que falei consigo, 2014, e você tipo, deu cabo de qualquer esperança futura, a mim e à minha família, aaahm… foi só desgraças e desolação. Mudou alguma coisa desde então, no seu relato das coisas?
– Oh sim, a situação é bem pior do que o era naquela altura.
– OK Ok ok. Então, essencialmente, para parafrasear, estamos todos só a perder o nosso tempo a falar da mudança climática, aquecimento global e aumento do nível do mar?
– Bem, eu aprecio a oportunidade de as pessoas saberem o que se passa no mundo, é por isso que faço o que faço, portanto, não acho que precisemos de não falar sobre isso. Acho que precisamos que as pessoas saibam o que se está a passar.
– Mas é fútil… – A ação é fútil, excepto com respeito a nós pessoalmente e como nos sentimos connosco próprios. Sim, a acção é o antídoto para o desespero, disse Edward Abbey, o anarquista do deserto.
– Você é anarquista?
– Sou, e sei o que isso significa. Não é caos. O anarquismo não é uma noção romântica mas uma ideia, um modo de vida, que tem provado ser bem sucedido durante 3 milhões de anos da experiência humana.
– Se você estiver certo, então também está, com certeza, errado. Quero dizer, você diz que é importante falarmos disto para sabermos o que se está a passar, mas eu não acho que seja por isso que estamos a falar disto. Se você estiver certo, a razão pela qual falamos disto, não é uma tentativa para, essencialmente, enganarmo-nos a nós próprios em pensar que podemos na realidade resolvê-lo?
– Bem… Depende da sua perspectiva, mais uma vez, a minha perspectiva é que não há nada a fazer em termos de preservar a espécie humana, mais do que alguns anos. Outras pessoas pensam que existem ações que irão… aumentar a sua própria longevidade, o que poderá ser verdade, dependendo daquilo que fizerem e de para onde forem, mas penso que em termos da raça humana está feito, está garantido, tem estado garantido há muito tempo, estamos a meio da 6ª extinção em massa.
– OK, vamos falar da sua escala de tempo num momento, porque acho que… você já indicou que houve algo que mudou pois as coisas ficaram piores rapidamente, mais rápido do que você originalmente pensava. Você quase que insinuou, em alguma da sua escrita, que temos a arrogância de acreditar que o futuro do planeta e o futuro da humanidade são a mesma coisa. Na realidade, você manteve uma visão bastante positiva do futuro do planeta, mas só que sem estarmos incluídos nela.
– Absolutamente, sim. Quero dizer… Há humanos no planeta, a nossa espécie, à cerca de 200 mil anos. O universo tem 13,8 bilhões (mil milhões, em Portugal) de anos.
– Somos um momento no tempo. – Somos mesmo. Quero dizer, é um piscar de olhos geológico, e parece que estamos para além do geológico, por esta altura, e já no verdadeiro piscar de olhos. Com o desaparecimento dos humanos, e presumivelmente outra vida tal como a conhecemos, tal como a conhecemos, o planeta irá de facto curar-se a si próprio, dando-lhe os suficientes milénios?
– Vai levar milhões de anos, como em eventos de extinção em massa anteriores mas, mas não tenho dúvidas de que haverá um planeta florescente outra vez. Apenas durante alguns milhões de anos haverá apenas coisas muito pequenas, micróbios, bactérias e fungos.
– Enquanto olhava para si agora… o que diz parece lógico, muito mais lógico do que aqueles que dizem que podemos fazer frente a isto, que podemos gritar à maré para não entrar. Mas na verdade não acredito porque parte de mim, sendo um ser humano, uma criatura lógica, pensa “não consigo imaginar que nada disto irá existir”, e portanto faço de conta que isto não existe. É essa a sua luta, quando vai por aí, quando dá palestras por todo o mundo?
– Claro, e a maioria são pessoas muito semelhantes a tu e eu, pessoas muito privilegiadas, e não conseguem imaginar esta quantidade de privilégio a acabar. E essa é a dificuldade. Isto é tudo o que sempre conhecemos, nascemos nisto — chamo-lhe nascer em cativeiro — e não tivemos escolha quanto a isto, não votámos se tínhamos que aparecer neste período da história. E portanto é difícil imaginar algo algo diferente disto. Muito menos o tipo de situação que é certo surgir num futuro não muito distante.
– A outra coisa que é difícil imaginar, mesmo apesar de termos prova absoluta à nossa volta, é que somos apenas um momento no tempo, porque sabemos história, sabemos que não vamos durar para sempre, e então fingimos saber um pouco do futuro. Quanto tempo temos? Quanto tempo é que a raça humana tem?
– Não consigo imaginar que haverá humanos no planeta daqui a 10 anos. Suspeito que será…
– Não, desculpa… Você disse 10 anos?!
– Sim, sim, em voz alta, até. Sabe, vamos em direção a uma temperatura numa escala que alcança ou está próxima da temperatura mais elevada experienciada na Terra nos últimos 2 bilhões de anos. Isso é pelo menos uma ordem de magnitude mais rápida do que ocorreu durante a Grande Morte, há 250 milhões de anos…
– Mas você está a sugerir que o aumento da temperatura será fenomenal nos próximos poucos anos.
– Oh sim. Isto é uma mudança exponencial, temos dificuldade em perceber mudança exponencial…
– Não, eu compreendo o termo “exponencial”, e compreendo o termo mudança. O que não quero compreender é a sua escala de tempo. Quero dizer… Porque é que ainda vem perder o seu tempo aqui no estúdio? Porque raio estamos todos aqui? Sério! Se são apenas 10 anos, o que faz você aqui? Arrasta a sua mulher pelo raio do mundo fora, a falar disto, e só tem 10 anos! Não devia estar em casa com os seus filhos?
– Não tenho filhos porque conseguia ver este tipo de coisa a chegar há muito tempo.
– Você mete-me medo!
– [Gargalhadas]
– Sério, 10 anos?!
– Não, não temos 10 anos. Sabe, e o problema quando dou um número assim é que as pessoas pensam que será na condição de “negócio do costume” até aos 9 anos e…
– A sua mulher, no canto do estúdio, a tirar fotos. Porque raio está a tirar fotos? Eles nem vão poder olhar para trás pelas fotografias!
– [gargalhadas] Na verdade, essa não é a minha mulher, mas a minha sócia, mas isso é uma questão menor.
– Olhe… no grande esquema das coisas, simplesmente não tem interesse nenhum.
– OK, então…
– Encorajo as pessoas a procurarem a excelência, o amor, aquilo que gostam de fazer… Não creio que isto sejam ideias malucas, na verdade, e também encorajo as pessoas a ficarem calmas porque, não está nada sob controlo, certamente não no nosso controlo.
– Você não imaginaria agora que as coisas pudessem ficar melhores, apenas poderiam ficar piores, logo, presumivelmente, em termos da sua escala de tempo… Dado o… — não me lembro daquilo que me disse há dois anos, e não sei como esqueci — mas era certamente uma escala de tempo muito melhor do que 10 anos.
– Oh sim. Esses eram os bons velhos tempos.
– Preocupa-lhe se… Até agora estava preparado para o acompanhar, mas agora tirou-me toda a esperança de um futuro, para mim e para as minhas queridas crianças… Aquela é a minha filha, Bela; Ela não teve uma oportunidade, não teve direito à sua vez a conduzir os cavalos.
– Eu sei, e sinto-me horrível com isso, sinto mesmo. Os jovens do planeta não tiveram uma oportunidade para viverem uma vida plena, ou até perceber o que significa viver!
– Oh minha nossa, nem acabe a frase que não temos tempo. Apenas me interrogo, ou paro de falar consigo e não volto a falar-lhe outra vez, ou mais vale continuar a falar consigo pois não faz sentido falar com mais ninguém, está a perceber?
– Absolutamente, percebo o que quer dizer, sim. E tem razão, não faz sentido falar com mais ninguém, Paul, sou só eu e você.
– Se… OK. aqui está a coisa, Guy… Se as pessoas acreditarem em si, — e virtualmente ninguém irá, especialmente agora que lançou a escala de tempo — se elas acreditarem em si, como iria prevenir um estado de absoluta ausência de esperança, a invadir-nos pelo mundo fora.
– Penso que a esperança é uma ideia horrível. Esperança é pensamento desejoso. Deixe-me citar Nietzsche nesta. A esperança, na realidade, é o pior dos males, pois prolonga o tormento dos homens. Esperança e medo, os lados gémeos da moeda “não sei o futuro mas, acho que é muito bom ou mesmo horrível, mas não vou tomar nenhuma ação em nenhuma delas.” A esperança é má ideia. Vamos abandonar isso e seguir com a realidade, em vez. Vamos continuar vivendo, em vez de desejar o futuro que nunca virá. – Ainda bem que não estou no negócio dos carros autónomos pois estava bastante convencido de que iriam mudar as nossas vidas para melhor nos próximos anos. Mais para eles! OK, obrigado por isso, Guy.
– Lá porque… [gargalhadas]
– Sabem, tenho o apoio do meu produtor executivo a dizer que temos que seguir em diante. Não temos que fazer nada, Sara, francamente, com esta inf… Não temos que fazer nada. E todas aquelas guidelines dos padrões de broadcast, Bob… Pfff. Esquece lá o raio da coisa. OK, então Guy… em termos de… porque é isto que preciso de saber; a Bela precisa de saber isto também… o melhor palpite para o futuro da humanidade são quantos anos?
– Ooh, não vou entrar por aí. Encorajo as pessoas a viverem plenamente, no tempo que nos resta para vivermos plenamente presentes com aqueles com quem estamos, incluindo o resto do planeta vivo, mas não sei a sua data de validade.
– Hmmm. OK Guy. Cuide de si.
– [Gargalhada]
– Porquê?! Muito obrigado por estar connosco.
– Obrigado Paul.
– Já agora, rapidamente,… não consigo… porque isto apanhou-me desprevenido; devia ter ficado no carro; 10 anos.
– Não temos 10 anos.
– O que pensa de todos os outros peritos? Porque você é um perito. O que pensa de todos os outros peritos, que parecem pensar que podemos afetar a mudança, que podemos sobreviver. Eles também são peritos, ou dizem ser.
– Certo, certo e… para começar são pagos, e por isso apenas vão até meio do caminho no apresentar da informação. Quase ninguém está disposto a acrescentar os feedbacks que desencadeámos e as suas consequências. E então, por sermos uma sociedade que é focada em especialização, os especialistas são conduzidos ao entendimento de um aspeto ou outro da mudança climática, coisas como o escurecimento global, ou o derretimento do gelo do Ártico, ou o albedo associado com isso, ou o metano, ninguém está a juntar essas coisas.
– Então, resumindo, estão a mentir, essencialmente, estão a enganar-se a si próprios e toda a gente?
– Odeio usar o termo “mentir”, acho que é bem pior que isso.
– [gargalhadas] Guy, muito obrigado por estar connosco. Este era Guy McPherson, Professor Emeritus de Recursos Naturais e Biologia da Evolução, da Universidade do Arizona.Recolher Transcrição[/expand]
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